O sabor único do Covilhete voltou a unir diversos confrades e amantes da boa mesa esta manhã em Vila Real, num programa especial que assinala o 10.º aniversário da Confraria do Covilhete, instituição que há uma década se dedica à promoção, defesa e valorização desta iguaria emblemática da capital transmontana. O Covilhete é um pastel de carne envolto em massa folhada, cuja receita remonta ao século XIX.

A cerimónia comemorativa arrancou pelas 9h30 na Biblioteca Municipal de Vila Real, onde decorreu a sessão oficial de abertura e uma ampla degustação dos Covilhetes, produzidos por todas as casas da cidade que preservam a tradição desta receita antiga, oferecendo aos visitantes e confrades uma verdadeira viagem pelos diferentes paladares e interpretações desta especialidade. Além da Confraria do Covilhete, anfitriã da celebração, estiveram também presentes várias Confrarias vindas de diferentes regiões, a representar um conjunto diverso de produtos típicos.

Durante a celebração, Hilário Nery de Oliveira, Juiz do Conselho de Ilustres da Confraria do Covilhete, destacou a importância de preservar e promover a identidade gastronómica de Vila Real como um destino de excelência para os apreciadores da boa mesa, reforçando a importância deste momento e traçando as linhas para o futuro com a meta de sempre, promover Vila Real.

Um dos momentos altos da manhã foi a apresentação e a prova de um vinho criado especialmente para acompanhar os Covilhetes. Uma iniciativa conjunta entre a Confraria dos Covilhetes e a Adega de Vila Real, designada como Confrade de Honra. Este vinho, engarrafado esta semana, foi lançado oficialmente este sábado e está disponível a partir da próxima segunda-feira, dia 23 de junho. É fruto de um trabalho de harmonização, pensado ao detalhe para enriquecer ainda mais a experiência gastronómica com o covilhete de Vila Real. A combinação desta iguaria salgada, junto com o vinho oriundo da região, torna a degustação num momento de afirmação da valorização local, ainda mais vincado. Pedro Figueiredo, representante da Adega de Vila Real, sublinhou a importância desta colaboração que se guia por um objetivo comum, a “Promoção dos produtos endógenas que tão bem representam a região”.

A vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Vila Real, Mara Minhava, fez questão de participar na cerimónia, vestida a rigor com a típica capa, enaltecendo igualmente o contributo da Confraria para a afirmação e divulgação deste produto característico da identidade cultural e da gastronomia da cidade de Vila Real, que celebra este ano o seu centenário. A Vereadora esteve encarregue da apresentação do livro “Camilo: Linhas e Entrelinhas” de A. M. Pires Cabral, uma edição no âmbito das comemorações do Bicentenário do nascimento de Camilo Castelo Branco, figura história no património cultural de Vila Real.

Ainda pelos caminhos da literatura, entre as novidades deste 10.º aniversário, foi igualmente apresentado um livro que compila todo o trabalho desenvolvido pela Confraria do Covilhete ao longo da última década. A obra é um registo do percurso de promoção e defesa desta especialidade.

A manhã festiva prosseguiu às 11h30 com a realização da 9.ª Entronização da Confraria do Covilhete, que teve lugar na Igreja de Abaças. Nesta cerimónia solene, foram canonizados 11 novos confrades, que passam a integrar oficialmente este grupo de defensores do Covilhete. Atualmente a Confraria do Covilhete conta com mais de 120 confrades, sendo 30 Confrades de Honra, empenhados em manter viva esta tradição. Posteriormente, o programa incluiu um almoço convívio, onde, como não podia deixar de ser, o covilhete foi o protagonista. Para terminar, houve ainda uma visita a São Leonardo de Galafura, “naquele esplendor que é a paisagem do Douro”, afirma Hilário Nery de Oliveira. Neste local foi feita uma homenagem a Miguel Torga, também um autor histórico da região.

O Covilhete de Vila Real tem raízes profundas na história local. Trata-se de um pastel redondo de carne, envolto em massa folhada, cuja origem remonta ao século XIX, tradicionalmente confecionado em barro preto de Bisalhães, técnica de olaria única e Património Cultural Imaterial da Humanidade, que vai ter agora um museu para a sua promoção, o “Museu da Louça Preta de Bisalhães”.

O Covilhete, uma das Sete Maravilhas de Portugal à Mesa, carrega consigo um saber-fazer artesanal que a confraria tem procurado preservar e divulgar. Atualmente, várias casas especializadas em Vila Real continuam a preparar Covilhetes, garantindo a preservação deste património gastronómico.

A Confraria do Covilhete foi fundada no dia 20 de Julho de 2015 com o objetivo de divulgar esta iguaria vila-realense por toda a parte. Em dez anos de atividade, tem participado em múltiplos certames, festivais gastronómicos e eventos culturais, consolidando a imagem do Covilhete como um produto identitário de Vila Real e um embaixador da sua cultura.

Jornalista: Vitória Botelho

Fotos: Vitória Botelho

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