Errar é próprio do ser humano. Neste domínio da vida, não me parece que alguma pessoa seja, ou esteja, imune, mesmo que por mais disso esteja convencida. Todos temos as nossas falhas, os nossos desajustamentos, os nossos menos bons momentos. Irrefletidos, muitas vezes, mas, outras tantas, tarde ou mesmo nunca refletidos, sustentadamente. E, como disse Jesus Cristo, “quem não pecou que atire a primeira pedra”!… Mesmo os que se consideram puros ou impolutos que “batem muitas vezes com a mão no peito”. É que há aqueles que entenderão que nunca erram, que nunca pecam, sustentado a sua condição de “pureza” na frequência de ambientes de “santidade”, os quais lhes retirarão toda e qualquer precariedade espiritual/moral ou impureza na sociedade.
Da parte que me toca, não tenho qualquer problema em admitir que falho, que peco, certamente muitas mais vezes do que gostaria. Mas, mais importante que tudo isso é que eu consiga ter o necessário discernimento e a clareza de espírito para reconhecer o erro, a falha, a atitude negativa, o momento menos bom de ação e pensamento. Que tenha consciência da importância do encontro, comigo mesmo e com os OUTROS, na descoberta do caminho mais positivo que permita ver a LUZ e mais clareza no pensamento!… Como tantas vezes digo e repito, muito pior do que errar é não reconhecer o erro ou ter consciência do mesmo.
Na verdade, não conseguiremos ser contribuintes positivos para a construção da reconciliação na concórdia, no entendimento pessoal e coletivo, se não entendermos que devemos estar atentos, descendo, muitas vezes, do nosso “pedestal”, exercitando a inteligência, a voluntariedade, em atos de coragem, tolerância, compreensão e atenção, procurando entender os outros, sobretudo num contexto inesperado de falhanços, de tensão ou discussão.
E, nesta perspetiva, entendo que seremos, inúmeras vezes, injustos quando censuramos deslizes circunstanciais ou posturas, que não coincidem com a nossa forma de ser ou pensar. Também não me parece justo que, em determinadas circunstâncias, se propagandeiem falhas atuais, quando, dentro do mesmo princípio, dos mesmos valores éticos e morais outros adotaram como normais. E o mais insólito é que são, em determinadas circunstâncias, “certos fariseus” que nunca foram exemplos em determinados procedimentos, pelo menos em tempos idos, a propagandear erros, incomparavelmente pequenos, por outros cometidos.
Torna-se, com efeito, importante, reciclar procedimentos, serenar ânimos e consciências mais exaltadas, refletir sobre os efeitos das nossas atitudes e aceitar humildemente conselhos construtivos, sobretudo quando surgem imprevistos, desilusões ou pecados cometidos. Importante será, também, perdoar, promover a reconciliação e a concórdia, o que significa potenciar a união entre as pessoas e a descoberta de formas de alcançar o bem-estar e a felicidade em nós, nos nossos ambientes, transformando a cólera em simpatia e a inveja em admiração, sem nunca nos esquecermos de valorizar a proximidade, as coisas simples e empáticas do nosso quotidiano.
Artigo escrito por Nuno Pires