A dor é o motivo mais frequente que leva os cidadãos a recorrerem aos serviços de urgência. Seja súbita ou persistente, ligeira ou incapacitante, a dor desperta preocupação, receio e, muitas vezes, o impulso imediato de procurar ajuda médica. No entanto, importa refletir sobre o impacto desta procura no funcionamento dos serviços de saúde — em particular, na sobrecarga dos serviços de urgência hospitalares.

Segundo a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), a dor é “uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a uma lesão tecidular real ou potencial”. Isto evidencia que a dor não é apenas uma sensação física, mas sim um fenómeno complexo, influenciado pelo estado emocional, contexto social e histórico clínico de cada indivíduo.

A dor pode ser classificada em diversas categorias, entre as quais:
• Dor aguda: associada a lesões recentes, cirurgias ou infeções, tende a desaparecer com o tratamento da causa.
• Dor crónica: persiste por mais de três meses, frequentemente sem causa clara, exigindo abordagem multidisciplinar.
• Dor nociceptiva: decorrente de danos em tecidos corporais.
• Dor neuropática: resultante de lesões nos nervos ou no sistema nervoso central.

A Dor como Motivo de Urgência


Muitas pessoas dirigem-se aos serviços de urgência por dor intensa ou repentina, temendo tratar-se de uma condição clínica grave como um enfarte agudo do miocárdio, AVC ou apendicite, etc. Situações como dor torácica, dor abdominal aguda, cefaleia severa ou dores traumáticas são motivos compreensíveis de preocupação. Contudo, é importante distinguir entre o que constitui uma urgência real e aquilo que poderia ser adequadamente avaliado nos cuidados de saúde primários ou serviços de atendimento complementar.

Os serviços de urgência destinam-se a tratar situações clínicas graves, súbitas e potencialmente fatais. Quando se recorrem a estes serviços por dores que, embora incómodas, não representam risco imediato para a vida, contribui-se para a sobrecarga do sistema, atrasando o atendimento de quem realmente necessita de cuidados urgentes.

Esta procura indevida acarreta consequências sérias:
• Aumento do tempo de espera para todos os utentes
• Maior pressão sobre os profissionais de saúde
• Risco de erros devido a sobrecarga assistencial
• Desperdício de recursos hospitalares

Deve-se recorrer aos serviços de urgência apenas quando a dor:
• É súbita, intensa e incapacitante
• Está associada a sinais de alarme (ex.: febre alta, perda de consciência, dificuldade respiratória, alterações neurológicas)
• Surge após um traumatismo grave
• Persiste apesar da medicação habitual e impede funções básicas

Para todas as outras situações, deve-se privilegiar o contacto com o médico de família, centros de saúde, linha SNS 24 (808 24 24 24) ou unidades de cuidados de saúde primários com atendimento não programado.

É essencial reforçar a literacia em saúde da população, promovendo o conhecimento sobre os diferentes níveis de cuidados existentes e o uso adequado dos recursos disponíveis. Sensibilizar para a correta gestão da dor e para o papel dos cuidados primários é crucial para garantir um sistema de saúde mais eficaz, equitativo e sustentável.

Conclusão

A dor é um sintoma legítimo e preocupante, não deve ser ignorada nem banalizada, mas nem sempre representa uma urgência médica. A sua avaliação e tratamento são essenciais, mas devem ser realizados no local e momento adequados. Proteger os serviços de urgência é um dever de todos: dos profissionais, dos gestores de saúde e dos cidadãos. Um uso consciente e responsável destes serviços é fundamental para garantir que quem mais precisa é atendido com a rapidez e qualidade que merece.

Artigo escrito por Maria Luís Domingues, Enfermeira na ULSTMAD, membro da APSAT (Associação de Profissionais de Saúde do Alto Tâmega)

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