Os “Factos vistos à Lupa” por André Pinção Lucas e Juliano Ventura – Uma parceria do Canal N com o Instituto +Liberdade
O ano letivo 2025/26 arrancou e, mais uma vez, regressa ao debate público a falta de professores. O tema não é novo, mas os números mais recentes mostram que o problema está longe de ser conjuntural: trata-se de uma tendência estrutural que se agravará ao longo da próxima década.
O ministro da Economia afirmou no final de julho que as escolas portuguesas necessitarão de recrutar 39 mil professores até 2034, dado que, todos os anos, cerca de 4 mil docentes se irão aposentar. Até ao ano letivo de 2034/35, as aposentações deverão totalizar 36 mil professores.
Olhando para o fluxo de entrada na profissão, a situação é preocupante. Mantendo-se a média anual de novos professores formados entre 2019/20 e 2022/23 — 2.069 por ano (com mestrado, exceto educadores de infância) —, chegaríamos apenas a 19 mil novos professores até 2034/35. Ou seja, apenas metade das necessidades de recrutamento.
Mesmo num cenário mais otimista, em que a formação de novos professores crescesse 50% nos próximos anos, formar-se-iam cerca de 28 mil docentes até 2034/35. Este número, ainda assim, ficaria muito aquém das necessidades, abrindo um défice potencial de mais de 10 mil professores.

Este problema não afeta apenas a gestão das escolas: ameaça a qualidade do ensino e a igualdade de oportunidades para os alunos. Faltam respostas estruturais, que vão muito além de medidas temporárias.
O Instituto +Liberdade tem vindo a alertar para os impactos que a escassez de professores terá no futuro económico e social do país. A educação é um pilar central para o crescimento sustentado, a inovação e a mobilidade social. Um sistema educativo fragilizado compromete a capacidade de Portugal formar cidadãos críticos, empreendedores e preparados para os desafios globais.
A próxima década será, portanto, decisiva. Sem mudanças estruturais, a falta de professores poderá transformar-se de um problema recorrente num verdadeiro bloqueio ao desenvolvimento do país.
André Pinção Lucas e Juliano Ventura
9 de setembro de 2025