A linha de crédito bonificado criada pelo Governo para apoiar os produtores afetados pela língua azul está longe de ter o impacto esperado. Dos cinco milhões de euros disponíveis para financiar a reposição de rebanhos, apenas duas candidaturas foram submetidas e aprovadas, num valor total de 12,5 mil euros, o que representa um encargo de cerca de 1300 euros para o Estado.
A doença, que no final do ano passado atingiu mais de 1800 explorações e causou a morte de cerca de 37 mil animais, continua a deixar marcas profundas no setor. Estimam-se prejuízos superiores a seis milhões de euros, mas grande parte dos apoios prometidos ainda não chegou aos agricultores. Mais de metade do subsídio de 48 euros por cabeça de gado morto permanece por atribuir.
Luís Mira, secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), considera que a medida governamental parte de uma boa intenção, mas a sua execução é praticamente inviável devido à falta de animais.
A língua azul provoca febre, inchaço e lesões na cavidade oral dos animais, podendo ser fatal. Desde outubro de 2024, Portugal continental está classificado como zona afetada pelos serótipos 3 e 4 do vírus. Face à situação, foi imposta a vacinação obrigatória contra os serótipos 1 e 4, e recomendada a imunização para o serótipo 3.
Com novos focos que possam surgir em várias regiões, os produtores temem que, além da falta de apoios, o país volte a enfrentar uma nova vaga de perdas no setor ovino.
Jornalista: Vitória Botelho