Um novo ataque de lobos ocorrido no concelho de Miranda do Douro, distrito de Bragança, resultou no domingo (26) na morte de cinco ovelhas e dois cordeiros, aumentando a tensão entre os pastores da região. O caso foi confirmado à agência Lusa por um familiar do proprietário dos animais.
De acordo com as declarações das testemunhas, o ataque aconteceu ao final da tarde, quando parte do rebanho se afastou do grupo principal. O pastor estaria a guardar as ovelhas, mas algumas ficaram para trás. Foi nesse momento que o lobo, ou vários lobos, atacaram. O episódio intensificou o sentimento de revolta entre os produtores pecuários do Planalto Mirandês, que afirmam estar a trabalhar “para alimentar os lobos”.
Os técnicos do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) já se deslocaram ao local para registar a ocorrência. Este é o quinto ataque confirmado em cerca de seis semanas no concelho de Miranda do Douro.
De acordo com dados recentes do ICNF, desde 2024 foram contabilizados mais de 30 ataques de lobos no Planalto Mirandês, número que continua a crescer. Só em Miranda do Douro, aldeias como Malhadas, Fonte Ladrão, Genísio, Águas Vivas e Palancar registaram dezenas de mortes e ferimentos em animais nos últimos meses.
Pastores dos concelhos vizinhos de Mogadouro e Vimioso também relatam situações semelhantes, com ataques cada vez mais próximos das povoações, apelando à intervenção urgente do Governo. Os produtores pedem medidas concretas aos ministérios da Agricultura e do Ambiente, alegando prejuízos significativos e a inviabilidade económica das explorações. Caso nada seja feito, prometem avançar com ações de protesto.
O lobo-ibérico continua a ser uma espécie protegida em Portugal, classificada como “em perigo”. No âmbito da sua preservação, o ICNF lançou o Programa Alcateia 2025-2035, com um investimento inicial de 3,3 milhões de euros, que prevê a revisão das compensações pagas aos criadores afetados, aproximando-as dos valores reais de mercado.
Jornalista: Vitória Botelho
Foto: DR
