O coordenador científico da Fundação Côa Parque, Thierry Aubry, defendeu esta quinta-feira que a participação direta das comunidades do Vale do Côa é “determinante” para travar a perda contínua do património rupestre, alertando que a conservação desta herança milenar não pode depender apenas da ciência.


“Muito do património do Vale do Côa está a desaparecer, e as comunidades locais têm um papel de relevo na proteção e conservação da Arte do Côa”. Para Aubry, qualquer estratégia eficaz de preservação tem de nascer “com as pessoas e para as pessoas”, podendo mesmo envolver a criação de uma associação ou estruturas locais dedicadas.
O investigador sublinha que os habitantes do território devem “apropriar-se” deste património, não como espectadores, mas como guardiões ativos. “Não podemos ter uma estratégia de conservação apenas científica sem antes termos a participação das gentes locais”, reforçou.
As declarações surgem no âmbito da divulgação das atas do “Côa Symposium II”, conferência realizada em dezembro de 2021 no Museu do Côa e que reuniu especialistas internacionais em gestão e preservação de arte rupestre. Os resultados, apresentados apenas agora após um longo trabalho de análise e compilação, serão lançados sexta-feira no Museu Arqueológico do Carmo, em Lisboa.
Apesar do atraso, Aubry considera que o volume, com mais de 200 páginas de artigos e investigações, oferece “uma nova visão” sobre o conhecimento produzido até então. Coordenado por Andreia Martins, Thierry Aubry, Luís Luís, César Neves e André Santos, o livro pretende tornar-se referência para investigadores e estudantes, ao reunir balanços atualizados do que se sabe sobre o Vale do Côa e sobre outras geografias mundiais com arte rupestre.
A edição resulta de uma parceria entre a Fundação Côa Parque e a Associação dos Arqueólogos Portugueses, estando já disponível no Museu do Carmo e no Museu do Côa pelo preço de 25 euros.
Para o presidente da Fundação Côa Parque, João Paulo Sousa, a publicação é mais do que um registo científico: “Todo o património tem de ser divulgado e registado porque corremos o risco de, num futuro muito próximo, já não haver um registo efetivo do que é hoje conhecido.”
A Arte do Côa, classificada como Monumento Nacional em 1997 e Património Mundial da UNESCO em 1998, constitui uma das maiores galerias ao ar livre do planeta. O Parque Arqueológico do Vale do Côa estende-se por 20 mil hectares nos concelhos de Vila Nova de Foz Côa, Mêda, Pinhel, Figueira de Castelo Rodrigo e Torre de Moncorvo, acolhendo milhares de gravuras pré-históricas ao ar livre.
Em dezembro, assinala-se o 27.º aniversário da inscrição deste património na lista da UNESCO, uma data que, segundo Aubry, deve ser também um apelo à ação: “Sem as comunidades, não há futuro para a Arte do Côa.”

A Redação com Lusa
Foto: DR

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