A diretora da Unidade de Planeamento e Desenvolvimento Regional da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), Raquel Meira, criticou esta quarta-feira o baixo investimento português no Programa Interreg Portugal-Espanha, durante a reunião de Comités Setoriais da Comunidade de Trabalho do Norte e Castela e Leão, realizada no Instituto Politécnico de Bragança.
Segundo Meira, o desequilíbrio financeiro entre os dois países é evidente: “Cada vez que se gasta um euro em Portugal, o projeto recebe quatro euros do lado espanhol”, afirmou. Esta disparidade, acrescentou, obriga os parceiros portugueses a reduzir substancialmente o orçamento aprovado para os projetos, chegando a cortes de 30 a 60%. “Todos os parceiros têm os projetos aprovados, mas os portugueses têm de fazer cortes significativos. Precisamos de mais investimento”, frisou.
A reunião marcou a primeira sessão dos novos Comités Setoriais, reorganizados pela CCDR-N e pela Junta de Castela e Leão, e reuniu representantes portugueses e espanhóis para debater os desafios e constrangimentos enfrentados em projetos transfronteiriços. Ao todo, foram criados seis comités, abrangendo áreas como governança territorial, competitividade, inovação e transição digital, património cultural e turismo, ordenamento do território, ambiente e conectividade, demografia, saúde, educação e qualificação, e desenvolvimento rural, agricultura e agroalimentar.
Segundo a diretora, o objetivo destas sessões é identificar projetos demonstradores e inovadores, além de mapear as dificuldades enfrentadas pelas populações que vivem na fronteira. Entre as principais conclusões apresentadas estão a deficiência de conectividade rodoviária e ferroviária entre Portugal e Espanha e a ausência de um serviço de emergência transfronteiriço.
Estas reuniões não eram realizadas há quase 20 anos, e as próximas sessões estão programadas para outras áreas fronteiriças do norte do país, com o intuito de promover uma cooperação mais eficaz e equilibrada entre os dois lados da fronteira.
A Redação com Lusa
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