24 de dezembro. A data em que se celebra o nascimento de Jesus, aquecido pelo bafo da vaca e do burrinho, envolto no olhar terno de Maria e no cuidado silencioso de José. Um momento de família, de amor e de vida que se ergue entre palhas humildes. Assim, desde então, se celebra o Natal: no calor do lar, entre afetos e histórias que atravessam gerações.

Junto à lareira ou ao redor da mesa, todos transbordam felicidade por poder partilhar um momento de união. Com mais ou menos luz, não importa. O que importa é usufruir da presença — mesmo distante — de quem se ama. É a certeza de que, apesar da dispersão pelo mundo, aquele dia nos reúne de alguma forma. A data é memorável por isto: porque marca o reencontro obrigatório da família. Mesmo aqueles que já não ocupam o seu lugar à mesa são lembrados em silêncio, presentes em cada abraço e em cada luz que brilha no pequeno presépio ao canto da sala.
Mas no hospital, longe deste conforto, vive-se um outro Natal.
Ali, os profissionais correm, lutam e tentam salvar vidas para que o Natal de outras famílias não se transforme em dor. Seja para quem chega em sofrimento, seja para quem acompanha alguém querido, todos procuram um alívio que tarda, mas que se espera. E os profissionais, de farda vestida, trocam o abraço familiar pelo som das sirenes, dos monitores e dos pedidos urgentes de ajuda.
Contudo, o Natal não desaparece entre as paredes da urgência. Para além da missão técnica, emerge a missão humana: a coragem de abandonar o calor do lar para o transportar, simbolicamente, aos que sofrem naquele dia. Muitos dos que chegam ao serviço olham-nos com a angústia de quem teme despedir-se da vida — e é nesse olhar que nasce uma nova família, construída apenas por uma noite, mas profunda na sua essência.
Profissionais, técnicos, auxiliares, todos se tornam figuras de presépio. Acolhem, seguram mãos, protegem fragilidades. Colocam nas suas próprias mãos a vida de alguém. E, de repente, o hospital transforma-se num cenário de nascimento: todos são, ao mesmo tempo, Maria e José, cuidadores de um “menino” frágil que espera a oportunidade de continuar a crescer e amar.
Os sons das máquinas, que lá fora nada evocam de festivo, tornam-se aqui o bafo quente do estábulo moderno — aquecendo a esperança de quem suplica por mais um dia. E cada vida recuperada é um presente deixado na manjedoura; um gesto silencioso que renova a promessa de um mundo melhor.
Quando nasce o dia de Natal, nasce também a certeza de que cada um destes profissionais foi, na vida de alguém, a figura principal do presépio. Não por milagre, mas por presença. Por cuidado. Por amor em ação.
Porque, afinal, Jesus continua a nascer todos os anos — não apenas nas casas iluminadas, mas também no hospital, onde a vida insiste em recomeçar.
À Dra. Margarida Lima, pela vida que tocou, pela esperança que reacendeu e pelo legado que permanece. Ao Dr. Manuel Cunha, cuja dedicação contínua dá vida e continuidade à obra que ela deixou. Que este texto seja também um reconhecimento do impacto que ambos têm no nosso Natal e no de tantos outros.

Artigo escrito por Lurdes Santos, Técnica de Radiologia da ULSTMAD, membro da Associação de Profissionais de Saúde do Alto Tâmega (APSAT)

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