Mais de 64 por cento dos alunos da Escola Superior de Comunicação, Administração e Turismo (ESACT) de Mirandela consideram que a avaliação online é mais difícil do que a avaliação presencial e mais de 42 por cento não conseguiram acompanhar com regularidade as aulas, durante o período de confinamento.

São apenas algumas das conclusões de um estudo realizado por duas docentes da ESACT de Mirandela (Joana Fernandes e Salete Esteves), que pretendeu ser “uma reflexão sobre a adaptação dos alunos à nova realidade de ensino”.

Para Joana Fernandes, uma das responsáveis pelo estudo, “a maior surpresa” deste inquérito com uma amostra de 231 alunos, foi “a constatação de que os alunos mais jovens, dos primeiros anos, sentem maior necessidade do ensino presencial para aquisição de competências”, refere.

Joana Fernandes entende que as conclusões do estudo terão sido importantes “para definir o plano organizacional do regresso às aulas presenciais, com as suas condicionantes para garantir o distanciamento social, a gestão das salas, e definir que o sistema híbrido fosse adotado preferencialmente para os alunos em anos mais avançados, e as aulas totalmente presenciais para os alunos dos primeiros anos, para além da avaliação ser feita de forma presencial”, acrescenta.

Para o diretor da ESACT de Mirandela, o estudo é de facto um bom instrumento de trabalho para a direção da escola poder ter uma real perceção das dificuldades sentidas pelos alunos durante a crise pandémica. “Algumas das perceções que existiam estavam corretas, mas havia outros dados que não tínhamos a consciência plena, mas fica bem patente que os próprios alunos têm uma noção clara daquilo que é a diferença entre o ensino presencial e o ensino à distância, embora também percebam que é uma forma de ensino que foi implementada com base naquilo que a realidade nos obrigou”, adianta Luís Pires.

O diretor da ESACT considera que esta situação excecional também foi um desafio para toda a comunidade escolar e que permitiu extrair alguma aprendizagem para o futuro. “Aquilo que tivemos sobre a mesa foi uma decisão de um fim-de-semana e obrigou a uma mudança drástica sem preparação adequada e os professores fizeram o que estava ao seu alcance e tudo foi feito ao longo do percurso, ou seja, foi-se melhorando com base no que tinha sido feito no dia anterior”, diz.

Ainda assim, Luís Pires entende que “têm de se arranjar metodologias que permitam uma melhor fluidez da aprendizagem e que possibilitem um descanso aos alunos, porque é cansativo e tem de se arranjar uma alternativa”, adianta.

Para o diretor da ESACT de Mirandela, esta situação devido à pandemia acabou por deixar bem patente que o ensino à distância será sempre uma alternativa pontual e complementar, mas nunca uma prática corrente. “Somos seres de contacto, de vivências de diálogo e até de afetos e não haverá qualquer tipo de possibilidade de haver uma substituição”, acredita.

O estudo dá ainda conta de que a maioria dos alunos, cerca de 78 por cento, tinha acesso a internet e 79 por cento tinha o equipamento necessário.  

Jornalista: Fernando Pires

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