A ambulância de Suporte Imediato de Vida (SIV) do INEM, sediada no serviço de urgência do hospital de Mirandela, está inoperacional, desde as oito da manhã e as 20 horas desta segunda-feira, por falta de técnico de emergência pré-hospitalar por já terem atingido o limite de horas extraordinárias previstas.

A informação é confirmada pelo presidente do sindicato dos técnicos de emergência pré-hospitalar (STEPH). “Mirandela tem quatro técnicos, no geral todos estão com uma sobrecarga enorme de horas extraordinárias e convém sublinhar que elas não são obrigatórias, uma vez que estão previstas em escalas”, revela Rui Lázaro. “Entre os técnicos que já excederam o limite de horas” – e que se trabalhassem não iriam receber – “e aqueles que não estão disponíveis para fazer mais porque também têm uma vida pessoal e familiar que importa salvaguardar, não conseguiram, para hoje, encontrar ninguém para colmatar essa parte”, acrescenta. 

A gestão das ambulâncias SIV é feita pelo CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes) do INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) e não terão conseguido alocar técnicos de outras zonas do país para Mirandela.

A tripulação da Ambulância SIV é constituída por um enfermeiro e um Técnico de Emergência Pré-hospitalar. Neste caso, o enfermeiro até está disponível, mas falta um técnico e, ao que apurámos, até ao final do ano, há mais 10 turnos de 12 horas sem nenhum técnico escalado. 

Rui Lázaro adianta que estas situações tendem a ser recorrentes em vários pontos do país, “fruto do da falta de atratividade” da carreira de técnico de emergência pré-hospitalar. “Os últimos concursos abertos têm ficado abaixo dos 30 por cento de contratação”, diz o presidente do STEPH. Para além disso, há também a questão “da elevada taxa de abandono que supera já hoje os 40 por cento, daí andarmos a exigir há alguns anos a revisão da carreira de forma a torna-la mais atrativa”.

Rui Lázaro revela que foi possível chegar a um princípio de entendimento com o Ministro da Saúde. “Ficou combinado que até ao final do ano iriam ter início as negociações, mas com a queda do Governo, o processo fica suspenso, pelo menos até à próxima legislatura”.

Para além da revisão da carreira, as reivindicações do sindicato passam pelo aumento dos vencimentos. “O salário base de entrada na carreira de técnico de emergência pré-hospitalar, é hoje de 860 euros. Para técnicos que trabalham 365 dias por ano, à chuva, ao vento, com a responsabilidade, muitas vezes, das suas ações estar em risco a vida e a morte de cidadãos, para ganhar quase o salário mínimo nacional é de todo desajustado”, lamenta.

Outros dos pedidos, passa pela criação de um subsídio de risco e penosidade, “fruto das condições que temos obrigatoriamente de trabalhar, sem desvalorizar a fraca atratividade das categorias da profissão que separa entre os técnicos de base e um número residual de chefes, menos de um por cento, que mudam de categoria, pelo que pretendemos categorizar a carreira com base nas competências técnicas”, conta.

Estas ambulâncias destinam-se a garantir cuidados de saúde diferenciados, designadamente manobras de reanimação, até estar disponível uma equipa com capacidade de prestação de Suporte Avançado de Vida. Este conceito é extensível às situações que poderão evoluir para paragem cardiorrespiratória, caso não sejam imediatamente tomadas as medidas necessárias. 

Com esta ambulância fora de serviço, em Mirandela, o meio mais próximo passível de ser acionado será o helicóptero, estacionado em Macedo de Cavaleiros, ou a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) de Bragança.

O distrito de Bragança é coberto por duas ambulâncias SIV. Uma está sediada, na Urgência Básica do Centro de Saúde de Mogadouro e cobre os concelhos de Mogadouro, Miranda do Douro, Vimioso, Freixo de Espada à Cinta e Alfândega da Fé.

A outra é a de Mirandela que está adstrita aos concelhos de Vila Flor, Carrazeda de Ansiães, Macedo de Cavaleiros, Vinhais, e ainda aos concelhos de Valpaços e Murça, no distrito de Vila Real.

Jornalista: Fernando Pires 

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