Por: Joana Mata – Médica Interna de Medicina Geral e Familiar

A Covid-19 veio marcar a ferro e fogo o nosso quotidiano, marginalizando algumas doenças tão importantes e prevalentes na nossa população como é o caso da Hipertensão Arterial (HTA). Mas afinal… 

O que é? 

A pressão arterial corresponde à força que o sangue exerce enquanto circula pelas artérias do nosso corpo. A hipertensão arterial ocorre quando a pressão com que o sangue circula se encontra aumentada de forma crónica. Ser hipertenso é apresentar uma pressão sistólica ≥ 140mmHg e uma pressão diastólica ≥ 90 mmHg. 

O que significa a “máxima” e a “mínima”? 

A pressão sistólica – “máxima” – corresponde ao momento em que o coração contrai para bombear o sangue pelo organismo, enquanto que a pressão diastólica – “mínima” –ocorre quando o coração relaxa para se encher de sangue. A representação faz-se da seguinte forma: ”sistólica/diastólica” ou seja, por exemplo, “120/80 mmHg”. As unidades de medição dos aparelhos são em milímetros de mercúrio (mmHg). 

Como prevenir ou controlar a HTA? 

A modificação de estilos de vida apresenta-se como a medida mais consensual quer para prevenção, quer para controlo da HTA. Redução da ingestão de sal (diminuindo não só do “sal de cozinha” como vários alimentos ricos em sal, nomeadamente a charcutaria, queijos curados, entre outros); fazer uma dieta equilibrada com consumo regular de frutas e hortícolas, e diminuição do consumo de alimentos com grande quantidade de gorduras saturas (carnes vermelhas, enchidos, queijos curados, alimentos pré-cozinhados, fast food,…); comedir o consumo de álcool, praticar regularmente exercício físico (marcha, corrida, natação,…), cessação tabágica e controlo/redução do peso são medidas fundamentais. Não deve ainda ser esquecida a vigilância e controlo de outras patologias, cumprimento da medicação (anti-hipertensora e outras que possa estar a fazer) bem como a medicação regular da pressão arterial para averiguar se os valores de tensão se encontram efetivamente controlados. 

Ouvi dizer… 

– A HTA tem cura 

Em cerca de 90% dos casos, não há uma causa conhecida para a HTA pelo que apenas numa minoria dos casos é que a HTA pode ser curável. Na maioria, a HTA é uma doença multifatorial onde vários fatores (como a idade, histórico familiar, raça, estilo de vida, entre outros) atuam em conjunto e de forma complexa gerando a doença. 

– Se começar a fazer medicação anti-hipertensora, ficarei dependente dela 

Efetivamente, após iniciar uma medicação anti-hipertensora, a grande maioria acaba por necessitar de terapêutica continuada no tempo. Contudo, a aposta nas medidas não farmacológicas (isto é, as mudanças dos hábitos de vida) pode resultar na normalização da pressão arterial sendo possível fazer um ajuste da medicação ou, até mesmo, suspendê-la. Não obstante, este ajuste/suspensão deve sempre ser orientado em conjunto com o seu médico. 

– Tenho a tensão arterial controlada, posso parar a medicação 

Não sem antes consultar o seu médico! O controlo da pressão arterial é normalmente resultado da combinação de medidas quer farmacológicas como não farmacológicas. A medicação anti-hipertensora tem uma ação transitória e, daí, a necessidade da toma regular e diária da medicação quando instituída. Importa que a pressão arterial seja regularmente avaliada fora do consultório médico para assim, junto do seu médico, analisar se os valores de tensão arterial se encontram de facto controlados que justifiquem o ajuste terapêutico. 

A HTA é, muitas vezes, nos primeiros anos, uma doença “silenciosa” não causando quaisquer sintomas. Contudo, a médio e longo prazo acarreta por si só um risco superior de desenvolvimento de outras patologias como enfarte do miocárdio (vulgo “ataque cardíaco”), acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca e renal, entre outras, quando comparado com a população que tem a tensão arterial normal. A prevenção será sempre o melhor remédio! Mas, quando já instalada, primar pelo estilo de vida saudável, cumprir corretamente a medicação indicada e manter o acompanhamento com o seu médico de família pode melhorar a médio e longo prazo a morbimortalidade associada à HTA.

Pela sua saúde! 

 

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