Por: José Pedro Ramos – Jornalista

Hoje, para qualquer Mirandelense era a noite mais esperada do ano. Era aquela noite com que sonhamos durante o resto do ano. Era a noite dos reencontros, a noite da Cidade de Mirandela, a noite que aprendemos desde pequenos a gostar, a noite mais longa do ano, a nossa noite. 

A noite dos bombos é muito mais que o barulho. É a demonstração de amor à tradição e cultura da cidade de Mirandela. É a liberdade de um povo que sente a cidade como ninguém. É uma noite que contagia miúdos e graúdos, residentes e turistas a percorrer as ruas da cidade ao som do barulhento bombo. É uma noite que começa cedo com os preparativos e que termina tarde. À meia noite os “tocadores” concentram-se no recinto do santuário. Têm à sua espera, centenas de litros de sangria, vinho, cerveja, potes de rancho, sardinhas e as famosas alheiras. Depois da meia noite, começa o cortejo e ja aí, com milhares de pessoas a percorrer a cidade com o bombo. Nesta noite esquecemos tudo, não há males que fiquem. Somos felizes com coisas simples. Amigos e bombos chegam para que façamos a festa ao lado de milhares de Mirandelenses. No dia seguinte, a ânsia pela próxima noite dos bombos é já muita. 

Este ano, face ao avanço da pandemia no nosso país, não será assim. A noite dos bombos não será como a conhecemos. Não haverá reencontros, não haverá concentração no santuário, não haverá quilómetros nas pernas e não será até de manhã. Todavia, há uma festa que é permitida. Nas varandas e nos quintais, Mirandelenses ou não, vamos celebrar o amor a esta cidade ao som do barulhento bombo que tanto nos diz.

Com responsabilidade, 2021 é já aí. 

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