Isso mesmo reflete o documento do relatório e contas apresentado e aprovado, na Assembleia-Geral daquela associação, na passada sexta-feira. As contas ainda são relativas à gestão da anterior direção, liderada por Marcelo Lago, que se demitiu, em julho deste ano. Para estes números muito contribuiu a falta de receita do parque de campismo que deixou de ser gerido pela associação, no Verão do ano passado, levando a um prejuízo de 90 mil euros. Perante estes números, o atual presidente, Sílvio Santos, admite que a situação não está fácil, mas acredita que será possível reverter estes números “com muito rigor”.

119 627 euros, foi este o prejuízo da Associação dos Bombeiros Voluntários de Mirandela, em 2019, ainda relativo à gestão da equipa liderada por Marcelo Lago. (Associação – 89,797.00; Parque de Campismo – 36,867,37; Posto de Combustível +7.037,13)

Os elementos da nova direção, em funções desde o final de julho, também votaram a favor da aprovação das contas, mas “com as devidas reservas”, refere o atual presidente. “Não termos tido qualquer intervenção na gestão do ano 2019, temos de reservar esse direito sobretudo a quem certamente deu o seu melhor no sentido de contribuir para esta associação, concretamente os órgãos sociais anteriores. Tivemos um prazo curto e vimo-nos forçados a ter as contas aprovadas, até ao final de Setembro, como diz a Lei. Não nos compete a nós julgar atos de gestão”, adianta Sílvio Santos.

O atual presidente admite que os números são preocupantes, mas acredita que “será possível reverter este cenário nos próximos tempos”, mas vai avisando que “será necessário muito rigor”.

Sílvio lembra que esta é uma instituição exigente. “Tem nos seus quadros 36 profissionais, 70 voluntários, com um volume de faturação anual a rondar o milhão de euros, pelo que o rigor tem de existir. Os números não são os que gostaríamos de ver espelhados, houve aqui alguns negócios que a associação abraçou e que infelizmente não se revelaram tão profícuos como se desejaria, mas agora é passado e acreditamos que não será nada de reversível e a curto prazo esperamos apresentar resultados mais satisfatórios”.

Em 2019, a atividade da associação ainda refletia mais dois ramos de atividade: a gestão de um posto de combustíveis e o parque de campismo. Este último, teve a denúncia do protocolo estabelecido com o Município, no Verão do ano passado, e com isso o prejuízo ascendeu a cerca de 90 mil euros, que Sílvio Santos atribui ao timing inoportuno. “Este passivo foi fruto sobretudo da impossibilidade de exploração da época de Verão, já que os valores de faturação anual andavam à volta dos 100 mil euros. Penso que foi completamente inoportuno o timing”, diz.

Ainda nas contas de 2019, a gestão do posto de combustível teve um saldo positivo de 7 mil euros, mas na verdade a cessação do contrato deixou agora um novo problema. “Existe um valor superior a 42 mil euros de dívida de clientes do posto de abastecimento, dos quais nós conseguimos identificar pouco mais de 11 mil euros. Isto é, há cerca de 30 mil e quinhentos euros que não conseguimos identificar. Convenhamos, se não identificamos, vamos cobrar a quem, pelo que não faz qualquer sentido manter esses números arrastados na contabilidade oficial da associação”, afirma Sílvio Santos.

Os sócios da associação autorizaram mesmo a direção a expurgar os cerca de 30 mil euros de dívida incobrável das contas de gerência para que os números reflitam a realidade.

A atual direção dos bombeiros de Mirandela anunciou ainda a intenção de avançar com um plano de recuperação de valores em dívida por serviços prestados e não recebidos, cujo valor ascende a mais de 400 mil euros.

No entanto, como são dívidas por cobrar, algumas delas com mais de 15 anos e que já prescreveram, a direção admite que o valor cobrável ronde os 280 mil euros.

Jornalista: Fernando Pires

 

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