Depois do primeiro-ministro, António Costa, ter anunciado, em Bruxelas, que o novo traçado do gasoduto “está pronto”, os autarcas da região do Douro garantem que continuam sem conhecer o projeto.

O presidente de Alfandega da Fé, Eduardo Tavres, é um dos que garante que a última vez que foi notificado sobre o gasoduto foi em 2016. “Claro que estranhamos o facto de o projeto já ter sido anunciado e ainda não terem falado com as autarquias”, disse em declarações ao Porto Canal, salientando ainda que os municípios ainda estão “muito a tempo” de dar o seu contributo.

O novo traçado no Alto Douro Vinhateiro surge depois de António Costa ter recuperado o gasoduto chumbado em 2018, que iria ligar Celorico da Beira, na Guarda e Vilar de Frades, em Bragança, mas não avançou devido à Avaliação de Impacto Ambiental da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

Em causa estava o facto de uma parte do percurso atravessar o Alto Douro Vinhateiro, considerado área protegida. De acordo com a APA, o projeto constituía “a intrusão de uma infraestrutura com carácter industrial, descaracterizadora do território e dos seus usos, comprometendo a integridade e o carácter, nomeadamente visual, da paisagem cultural do Alto Douro Vinhateiro”.

Mas esta avaliação contrariava o Estudo de Impacte Ambiental produzido pela Redes Energéticas Nacionais (REN), que garantia que o projeto do gasoduto não comprometia “a sustentabilidade e integridade do Alto Douro Vinhateiro”. Para reduzir os impactos, o autor do projeto propunha a “perfuração horizontal dirigida sob o leito do rio” em toda a extensão do troço 5, que liga Vila Nova de Foz Coa a Torre de Moncorvo.

O traçado chumbado em 2018 tinha duas alternativas de percurso

Recorde-se que, o traçado chumbado em 2018 previa a passagem do gasoduto pelos concelhos de Trancoso, Mêda e Vila Nova de Foz Coa, Torre de Moncorvo, Vila Flor, Alfândega da Fé e Macedo de Cavaleiros.

O novo traçado no Alto Douro Vinhateiro é uma incógnita, mas a intenção do Governo é avançar com a obra o mais rápido possível, sendo que a infraestrutura terá um prazo de construção de 30 meses e um custo que poderá variar entre os 150 e os 244 milhões de euros.

Jornalista: Rita Teixeira

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