Entre os 24 municípios portugueses que nunca conheceram alternância política desde as primeiras eleições autárquicas democráticas, dois situam-se no coração de Trás-os-Montes e Alto Douro. Boticas e Valpaços, ambos no distrito de Vila Real, são exemplos de fidelidade política inabalável: desde 1976, o concelho veste as cores do Partido Social Democrata (PSD).
A cada ciclo eleitoral, o resultado repete-se com uma constância quase previsível. O PSD conquista, renova e reforça a sua presença, sustentado por um eleitorado fiel e uma estrutura local fortemente enraizada. Em Boticas, o partido lidera a câmara há quase meio século, com sucessivas equipas autárquicas que mantêm uma linha de continuidade na gestão do município. Em Valpaços, o cenário repete-se: o poder local permanece nas mãos dos sociais-democratas, consolidando uma tradição que se tornou parte da identidade política da região.
Especialistas em ciência política apontam várias razões para esta estabilidade. Entre elas, a proximidade entre eleitores e autarcas em territórios de baixa densidade populacional, o peso das redes de confiança locais e a ausência de fortes estruturas partidárias concorrentes. Em muitos casos, os candidatos do PSD são vistos menos como representantes de um partido e mais como “homens da terra”, figuras de referência comunitária.
Apesar das mudanças políticas no país e das oscilações nacionais entre PS e PSD, Boticas e Valpaços continuam a remar no mesmo sentido. Nas duas autarquias transmontanas, o “laranja” nunca saiu de moda — e não há sinais de que venha a sair tão cedo, até porque nas eleições de ontem, em Boticas Guilherme Pires obteve 73,36 % (2996 VOTOS) e 5 MANDATOS e Jorge Mata Pires em Valpaços somou 65,62 % (6632 VOTOS) 5 MANDATOS também.
A Redação,
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