Em Valpaços, a quebra da produção de castanha atingiu os 80%. Questionado pela falta de apoio por parte do Governo, Amílcar Almeida, autarca de Valpaços, salientou que, o Ministério da Agricultura “teima em não fazer nada” mesmo depois da situação registada.

À margem da apresentação da Feira da Castanha Judia, que vai decorrer em Carrazedo de Montenegro, entre os dias 10 e 12 de novembro, e questionado pelos jornalistas, Amílcar Almeida referiu que o Governo “teima em não fazer nada” pelo setor.
“A castanha é, de facto, o ouro de Trás-os-Montes” salienta o autarca, explicando que o produto, no concelho de Valpaços, “representa, num ano normal, cerca de 50 milhões de euros para a nossa economia”, o que se traduz numa perda muito acentuada face ao presente ano. Se num ano normal se produziam ” 12 a 15 toneladas”, este ano há apenas “duas toneladas”. “Estamos a falar de uma quebra muito significativa”, frisa o autarca.

No passado dia 27 de outubro, a ministra da Agricultura e Alimentação, Maria do Céu Antunes, referiu, aos jornalistas, que os produtores de castanha transmontanos não vão receber apoios por parte do Governo, uma vez que se trata de “uma matéria segurável”. “Nós não temos forma de ajudar nas quebras de produção, nas campanhas por se tratar de uma matéria segurável e devem ser os seguros coletivos a ter a disponibilidade para poder fazer face a estas dimensões”, explica Maria do Céu Antunes.
Amílcar Almeida reage dizendo que tanto ele como os agricultores estava à espera “de algumas medidas”. “Não queremos que o Estado substitua a perda total, queremos medidas específicas que estudem e procurem alternativas para que as pessoas continuem a encontrar na agricultura a sua sustentabilidade”.

A campanha da castanha deste ano ficou marcada por uma quebra de produção a rondar os 80% que, em alguns casos, e de acordo com Amílcar Almeida, poderá ter chegado aos 100%.

A Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAPN) fez análises a algum material vegetativo. Os resultados foram revelados na passada sexta-feira e que “vai de encontro àquilo que já se esperava”, salienta Amílcar.

Os castanheiros foram afetados pela doença da septoriose e, também, por um fungo existente que “dizimou alguma qualidade”. A septoriose é uma doença de grande importância econômica não só pelo fato de estar amplamente distribuída, mas também por ser muito destrutiva, causando perdas que podem chegar a 100%.

Este fungo surge em função das condições meteorológicas, ou seja, em alturas em que há registo de um tempo húmido e depois calor intenso, situação que se registou, na região, no passado mês de setembro. Para se controlar a praga deve-se eliminar as fontes de inóculo inicial através da remoção e destruição dos restos culturais e da rotação de cultura com espécies não hospedeiras.

No entanto, apesar de se ter registado uma quebra significativa na produção da castanha, a qualidade continua garantida e castanha é que o não faltará para o certame. “A castanha não terá a mesma qualidade de anos anteriores mas tem ainda excelente qualidade e, portanto, estou confiante que a castanha que vai ser apresentada nesta 26ª edição da Feira da Castanha Judia, em Carrazedo de Montenegro, oferecerá e garantirá àqueles que a comprem boa qualidade”.

Amílcar Almeida diz, ainda, estar à espera que Maria do Céu Antunes, aceite o convite para marcar presença na 26ª edição da Feira da Castanha Judia.

Jornalista: Lara Torrado

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