Os três deputados eleitos pelo círculo eleitoral de Bragança manifestaram esta segunda-feira profunda preocupação com a eventual redução ou suspensão da distribuição diária de jornais no interior do país, na sequência do anúncio da empresa Vasp – Distribuição e Logística, que admite proceder a ajustamentos por dificuldades financeiras. Os parlamentares alertam para os riscos desta decisão para a coesão territorial, o acesso à informação e a própria democracia.
Os deputados do PSD eleitos por Bragança, Hernâni Dias e Nuno Gonçalves, afirmaram que acompanham a situação “com apreensão” e esperam que seja encontrada uma solução que salvaguarde o interesse público, respeitando simultaneamente as regras de concorrência.
“O Governo duplicou o porte pago e tem apoiado a distribuição em municípios do interior quando encerraram rotas. Existe uma preocupação clara com a coesão territorial e com o acesso à comunicação social de qualidade”, sublinhou Nuno Gonçalves. Os parlamentares sociais-democratas reforçam ainda que o Executivo “não quer criar instrumentos de dependência nem passar cheques a empresas específicas”, defendendo que qualquer solução deve ser concorrencial. “O Governo também é claro ao afirmar que não cederá a chantagens e que a responsabilidade pela distribuição deve ser assegurada por quem produz a imprensa”, acrescentaram.
PS EXIGE INTERVENÇÃO URGENTE DO GOVERNO
Também a deputada do PS eleita por Bragança, Júlia Rodrigues, manifestou a sua “profunda preocupação” com a hipótese de a Vasp cessar ou reduzir a distribuição de jornais em todo o interior do país.
“Esta decisão teria um impacto direto na vida das populações, reduziria o acesso à informação, agravaria desigualdades já existentes e colocaria em causa o direito dos cidadãos a estarem informados, sobretudo em territórios que enfrentam problemas persistentes de despovoamento e isolamento”, frisou. A parlamentar socialista defende que o Governo deve avaliar urgentemente a situação e encontrar soluções que garantam a continuidade da distribuição da imprensa. “A coesão territorial também se constrói assegurando que ninguém fica privado de um serviço essencial como o acesso à informação”, sustentou.
AUTARCAS E REGULADOR ALERTAM PARA RISCO DEMOCRÁTICO
Na passada quinta-feira, a presidente da Câmara de Bragança, Isabel Ferreira, também reagiu publicamente à intenção da Vasp, defendendo que o Estado deve intervir para impedir uma redução da distribuição de jornais no distrito. “Pode não ser rentável do ponto de vista económico, mas há matérias em que é necessário garantir a solidariedade territorial e o acesso à informação, que é um pilar fundamental da democracia”, afirmou.
A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) classificou, por seu lado, a situação como “grave” e “suscetível de impacto negativo na garantia do acesso à informação”, confirmando que está a recolher informação complementar junto da empresa distribuidora.
Também o Sindicato dos Jornalistas manifestou a sua “mais profunda preocupação”, alertando que a medida, a ser aplicada a partir do início de 2026, terá um impacto direto no acesso à informação no interior raiano e “comprometerá gravemente a estabilidade e os direitos dos profissionais do setor”.
VASP ADMITE DIFICULDADES FINANCEIRAS
A administração da Vasp anunciou que está a avaliar a necessidade de proceder a ajustamentos na distribuição diária de jornais nos distritos de Beja, Évora, Portalegre, Castelo Branco, Guarda, Viseu, Vila Real e Bragança, justificando a decisão com a “situação financeira particularmente exigente” da empresa.
Em comunicado, a distribuidora aponta a quebra continuada nas vendas de imprensa e o aumento significativo dos custos operacionais como fatores que colocam “sob forte pressão a sustentabilidade da atual cobertura de distribuição”.
A Vasp garante que “nenhuma decisão definitiva foi ainda tomada” e assegura disponibilidade para manter “um diálogo construtivo com editores, entidades públicas e parceiros institucionais” com o objetivo de evitar “um cenário sem precedentes em democracia”.
A Redação com Lusa
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