Pela primeira vez, em muitos anos, duas listas concorrem pela direção dos destinos do Grupo Desportivo de Chaves. Ambas com fortes ambições em mudar o paradigma do clube, mas com visões distintas nos vários planos.
A Lista A é encabeçada pelo conhecido Francisco Carvalho, que tem num passado recente forte ligação ao clube e à SAD como também é impossível dissocia-lo do mesmo, face ao compromisso que assumiu desde que a instituição teve perto de “fechar portas”. Por outro lado, Octávio Borges, empresário flaviense, apresenta-se a sufrágio por entender que os destinos do clube podem e devem melhorar, reconhecendo o potencial do mesmo.
Em entrevista ao Canal N, ambos tiveram oportunidade de apelar ao voto e mostrar os vários pontos de vista que têm para o futuro do Clube que é o mais representativo de Trás-os-Montes.
Nesse sentido, o candidato da Lista A afirma que, “Em 2011, este clube ia fechar portas. Tinha uma dívida de 3 milhões de euros. Prometi colocá-lo na elite do futebol português e cumpri. Hoje, o GD Chaves é respeitado e é exemplo. Temos perto de 600 atletas, criámos infraestruturas e trouxemos vida ao clube.”
Por seu turno, Octávio Borges, com intuito de cativar os sócios flavienses refere que “Somos um grupo coeso. O nosso objetivo é claro: tornar o Desportivo de Chaves no maior clube formador do interior de Portugal.”
Ambos candidatos reivindicam grande paixão pelo clube como tal priorizam ações para fazer no imediato, caso vençam as eleições que se realizam amanhã, 13 de Junho.
A Lista A, porque “puxa” para si algum trabalho já desenvolvido, avança que quer, “Profissionalizar o departamento de formação, resolver o comodato do estádio e aproximar os adeptos e sócios espalhados pelo mundo”. No mesmo âmbito de ações para o imediato, Octávio Borges pretende “reorganizar todos os departamentos — posto médico, secretaria — e criar um departamento de scouting. Além disso, queremos contratar um coordenador de futebol e iniciar estudos para desenvolver infraestruturas”.
No que toca a formação, tema quente que tem vindo a preocupar os sócios, pais, atletas, ambos concordam na necessidade de melhorar, mas apontam soluções distintas. Francisco Carvalho defende que “Temos de escolher os melhores treinadores e jogadores da região e dar-lhes condições. Queremos regressar aos campeonatos nacionais”, já no ponto de vista do candidato a presidente pela Lista B, “A formação está uma lástima. Um miúdo da região deveria querer jogar no Chaves e acontece o contrário. Todos vão embora. Vamos mudar isso.”
Aliada aos tempos de má memoria da formação esta o facto da escassez de infraestruturas de apoio à mesma, quanto a isso, Francisco Carvalho volta a reivindicar o facto de já ter construído um complexo desportivo com alguns campos, mas “Agora, precisamos que a câmara invista no clube. O Chaves é o maior do concelho e não tem tido o apoio que outros clubes receberam”. De outro ponto de vista, Octávio Borges pretende “recuperar o antigo campo de treinos, construir um campo de futebol 7 no topo norte e um campo de 11 junto ao complexo”.
Ainda no plano da formação, Octávio Borges refere que quer apostar na integração dos jovens, reconhecendo alguma “falta de vontade” por parte da SAD, mas que vai ser uma aposta forte da sua lista. Por seu turno, nesse contexto, o candidato da Lista A, tem um objetivo claro: “formar e manter os melhores”, referindo ainda que nos últimos anos, com ele na SAD, “mais de 12 atletas da região assinaram contratos profissionais”.
No que toca, à tão falada falta de apoio médico no clube, outro ponto de discórdia e preocupação, Octávio Borges não tem dúvidas, “Era um problema organizacional.” Promete ainda que “Com boa gestão, garantimos acompanhamento médico permanente”. Na ótica da outra lista concorrente, com ligações familiares à atual direção, “Criámos um departamento médico com fisioterapeuta a tempo inteiro. Há falta de médicos no país, não só no clube. Vamos melhorar com parcerias e estágios”.
Outro ponto importante abordado pelos candidatos, são as finanças do clube. Francisco Carvalho refere que “Reduzimos a dívida em 570 mil euros. Salários e impostos estão em dia. A SAD apoia quando necessário. Trabalhamos com rigor.”, o que Octávio Borges discorda, “O passivo continua praticamente igual ao de há 10 anos. Isso preocupa-nos.”, propõe ainda um ponto de entendimento “O ideal seria manter a família Carvalho na SAD e a nossa lista na direção do clube. Juntos poderíamos crescer em formação e futebol profissional”.
Outro tema que tem aquecido este ato eleitoral, é sistema de votação, nesse ponto não podia haver mais discórdia. O candidato da Lista B reitera que “A Lista A aplica o regulamento eleitoral só onde lhe convém. Quer usar os estatutos apenas para a votação. Nós queremos coerência: se usamos o regulamento eleitoral para o ato, deve valer em toda a linha” já Francisco Carvalho suporta-se nos Estatutos definidos, “Vivemos em democracia. Os estatutos são claros: os sócios mais antigos têm mais votos. Só podem ser alterados em Assembleia. Não aceitamos que meia dúzia de sócios, alguns com menos de seis meses, queiram mudar regras aprovadas por 3000 votantes” em clara alusão a alguns elementos que integram a lista concorrente.
Posto isto, o GD Chaves já ganhou, o GD Chaves está vivo, dia 13 escolhe-se o projeto para o próximo biénio, e uma coisa ambos candidatos deixaram claro: Duas candidaturas, duas ideias distintas, um só objetivo: Valorizar o maior clube da região.
Paulo Silva Reis e Edgar Pedreiro, texto e fotografias