Colocações na 1.ª fase do Concurso Nacional de Acesso revelam tendência de quebra na procura, mas assinalam evolução positiva na taxa de colocação. Cursos de Educação ganham destaque e áreas digitais perdem tração.
Este domingo, 24 de agosto, marca o arranque oficial para 43.899 novos estudantes colocados no Ensino Superior público em Portugal, um número que representa uma quebra significativa de 12,1% face ao ano anterior. É a fase de ingresso mais baixa dos últimos nove anos, refletindo mudanças na demografia estudantil e nas preferências formativas dos candidatos.
Na região, as instituições locais acompanham esta tendência nacional, com especial impacto nas áreas de competências digitais, que registaram uma descida abrupta de 16,7% no número de colocados. Em contraste, as licenciaturas voltadas para a formação de professores estão a crescer de forma consistente, confirmando uma inversão na procura que poderá ajudar a mitigar a escassez de profissionais no setor da educação. O curso de Educação Básica registou um aumento de 20,3% face ao ano passado e esgotou todas as vagas disponíveis.
No total, apresentaram-se a concurso 48.718 candidatos, menos 16,4% do que em 2024. Ainda assim, a taxa de colocação subiu para 90,1%, o que traduz um melhor alinhamento entre a procura e a oferta formativa. Cerca de 63,1% dos candidatos ficaram na sua primeira opção, e 90,9% entraram numa das três primeiras escolhas – percentagens recorde nos últimos anos, segundo a Direção-Geral do Ensino Superior (DGES).
Os cursos de Medicina continuam entre os mais procurados, com 1.647 colocações, enquanto o apoio à inclusão se mantém como prioridade: 1.548 estudantes beneficiários de ação social escolar (escalão A) foram colocados, dos quais 1.123 por via do contingente prioritário. Também foram preenchidas 152 vagas destinadas a candidatos com deficiência e 304 para emigrantes, seus descendentes e familiares.
Por outro lado, as instituições situadas em zonas de baixa densidade populacional enfrentaram um decréscimo expressivo de 21,1% no número de novos estudantes, um desafio que volta a colocar em cima da mesa a necessidade de políticas mais eficazes de coesão territorial no ensino superior.
Apesar da quebra no número total de candidatos, houve um crescimento de 10% nos estudantes colocados em cursos de elevado grau de exigência – com médias de entrada superiores a 17 valores – num total de 4.524 estudantes.
A segunda fase do Concurso Nacional de Acesso arranca já esta segunda-feira, 25 de agosto, com 11.513 vagas ainda disponíveis. Também neste dia têm início as matrículas da 1.ª fase, que decorrem até 28 de agosto.
Com o calendário de colocações novamente antecipado, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior garante agora um intervalo mínimo de 15 dias entre o anúncio das colocações e o arranque das aulas, permitindo uma melhor preparação logística e pedagógica por parte das instituições.
A região segue atenta às próximas fases do concurso, esperando recuperar candidatos nas etapas seguintes, sobretudo nas instituições do interior, onde o impacto da quebra de procura foi mais evidente.
A Redação