Depois de uma época de ausência da competição sénior, alegadamente devido a uma dívida à Associação de Futebol de Bragança (AFB), o Futsal Clube Mirandela (FCM) está de regresso à competição distrital.

Na época transata, só competiu em iniciados, esta temporada vai acrescentar os juvenis e seniores.

O presidente do clube garante que não queria ter parado os seniores na última época e contesta a alegada dívida argumentando que teria sido acordado que a mesma seria liquidada faseadamente com a entrega das faturas ao seu patrocinador oficial.

Carlos Lopes vai mais longe e diz ter sido “traído” pelo Presidente da direção da AFB. “Nós paramos depois de uma decisão que foi forçada, não vou dizer que fomos enganados, mas fomos, de certa forma, traídos. Arranjamos alguém que nos custeasse as despesas na associação e todos os valores eram faturados ao patrocinador. Havia uma dívida recorrente, há uns anos, assumida por nós, nunca a negamos, mas foi uma dívida que a autarquia, no primeiro mandato, assumiu porque havia papéis, provas, em como a Câmara não pagou aquilo que devia ter pago em termos de subsídio ao clube e foram inclusive feitas notas de pagamento, só que depois foram anuladas porque não foram pagas. Entretanto, o pagamento era feito através de eventos que a Associação Futebol da Bragança fizesse em Mirandela, e abatia na dívida do Futsal. E assim devia ter sido, Então veio a pandemia, deixou-se de fazer atividades, e acabou por não se pagar. Entretanto, a Associação insistiu que tínhamos que pagar, quando eles assumiram, que era um assunto deles e do município, já não era nosso. Entretanto, as faturas deviam ter sido passadas ao patrocinador, ao longo do campeonato, mas Havia faturas passadas ao patrocinador e a nós, algumas delas duplicadas e contestei junto do presidente da AFB e diz-me que vinha cá para resolver o assunto, mas nunca apareceu e nunca mais me atendeu o telefone”, conta.

Sobre este assunto, ainda não foi possível obter declarações do presidente da AFB, António Ramos.

Para Carlos Lopes, esta ausência de um ano da competição sénior distrital ficará para sempre como uma ferida por sarar na vida do clube que já conta com 30 anos. “Isto foi uma situação que vai ficar sempre registada na história do clube. Isto é uma ferida. Podem passar por lá dirigentes, atletas, que um dia mais tarde vão saber aquilo que se passou. É uma ferida profunda que ficou no clube”, lamenta.

Apesar de confessar que esta paragem de um ano, pode trazer maior dificuldade na constituição do plantel, o líder do Futsal Clube Mirandela garante que já conta com alguns atletas que se mantiveram junto do clube, mesmo durante esta ausência de competição oficial. “É mais difícil porque há gente que saiu, mas há muitos que até têm andado a treinar, vão lá treinar connosco e estiveram sempre presentes, vamos contar com isso e mais alguns. Não digo que é começar do zero, porque nós nunca paramos por completo” revela Carlos Lopes.

Para este regresso, o presidente do Futsal Clube Mirandela garante que o principal objetivo passa por “dignificar o nome do clube”, tendo em conta que existem algumas limitações financeiras. “O Futsal Mirandela sempre foi um histórico candidato, mas sabemos das dificuldades, cada vez temos mais, porque os dinheiros começam a mandar um bocadinho nesta modalidade e nós não podemos pensar nisso em termos de dinheiro. Nós temos muita dificuldade em pagar salários ou prémios a atletas. É um bocado difícil. Vamos tentar ver como é que as coisas vão correr. É como eu digo, é começar quase do zero. Sabemos aquilo que queremos, vamos começar, mas depois não sabemos o percurso que vamos fazer até começar o campeonato”, refere.

Para já a única certeza é que Pedro Clemente será o treinador da equipa.

Os treinos devem começar no final deste mês para preparar o regresso dos seniores à competição distrital, cuja jornada inaugural está marcada para 29 de Setembro.

Jornalista: Fernando Pires

Slider