A greve dos professores e funcionários deixou grande parte dos alunos do agrupamento de escolas de Mirandela sem aulas, esta quinta-feira. A escola básica de Torre de Dona Chama, por falta de professores, e a escola Básica Luciano Cordeiro, em Mirandela, por falta de funcionários, estão mesmo encerradas. Já a secundária de Mirandela, apesar de não estar fechada, a atividade letiva está muito condicionada e não está colocada de parte a possibilidade de fechar no período da tarde, adianta a direção do agrupamento de escolas.

Esta manhã, dezenas de professores concentraram-se em frente à escola secundária com cartazes alusivos às diversas reivindicações do setor. Rui Feliciano, professor do agrupamento e que pertence ao STOP, Sindicato de Todos os Profissionais da Educação, enumera algumas das razões que levam os professores a esta paralisação. “Essencialmente com as políticas educativas do Governo no que diz respeito à municipalização, um processo que o Ministro já deixou cair porque tinha pensado que 30 por cento dos professores iriam ser contratados a nível municipal e regional, e também porque somos uma classe que temos vindo a perder direitos, nomeadamente na questão do congelamento do tempo de serviço e nas políticas de acesso aos escalões consecutivos com congelamentos e com quotas que queremos que acabem porque pretendemos uma escola onde os professores se sintam bem e não percam os seus direitos, essencialmente uma escola pública de qualidade”.

Rui Feliciano entende que esta enorme adesão dos professores fica, em parte, a dever-se “a uma nova forma de estar no sindicalismo” e de lidar com os problemas da classe que está a ser protagonizada pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação. “A partilha da mensagem foi conseguida, porque os professores encontraram neste sindicato uma nova dinâmica. Esta greve por tempo indeterminado foi decidida pelos professores e não pelo dirigente A ou B do STOP”, afirma.

Já quanto ao facto de alguns pais estarem a manifestar descontentamento com estas greves constantes, por receio que possam afetar a aprendizagem dos filhos, Rui Feliciano até considera que “a maioria das associações de pais compreende esta luta, têm estado com os professores. Hoje temos aqui alguns pais, se bem que não entendemos ainda qual é a posição da associação de pais deste agrupamento, mas enfim, nós estamos a tomar o caminho certo para que o Ministro da Educação nos ouça e que tenha algum respeito por nós, que não pense que somos acéfalos, ou como disse o Primeiro-Ministro que estamos com dificuldade de compreensão, porque somos professores, fomos nós que formamos a sociedade profissional deste país e sentimo-nos ofendidos por alguém que nos dirige estar a referir que temos alguma dificuldade de compreensão”.

Entretanto, este dirigente do STOP assegura que já estão completos seis autocarros com professores da região para marcarem presença na manifestação nacional que está agendada para o próximo sábado, em Lisboa.

Jornalista: Fernando Pires

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