Os “Factos vistos à Lupa” por André Pinção Lucas e Juliano Ventura – Uma parceria do Canal N com o Instituto +Liberdade
Perante o resultado de mais umas eleições legislativas em que não se vislumbra uma maioria absoluta, vale a pena olhar para o que se passa noutros países europeus. Que modelos de governação são mais comuns? Quantos partidos integram os governos? São maioritários ou minoritários? E de que famílias políticas fazem parte? Estas são algumas das perguntas que a análise do Instituto Mais Liberdade ajuda a responder.
Entre os 30 países analisados (incluindo Portugal, onde se assume um governo da AD – PSD e CDS-PP – sem outros partidos na coligação), apenas quatro não são governados por coligações: Grécia, Malta, Noruega e Reino Unido. Na maioria dos países europeus, os governos incluem vários partidos — na Bélgica, por exemplo, o governo integra cinco forças políticas.
A maior parte dos governos dispõe de maioria parlamentar, embora em dez países essa maioria não esteja garantida.
Constata-se também uma grande diversidade de famílias políticas representadas nos executivos nacionais. Ainda assim, nota-se uma presença mais forte de partidos de direita: apenas seis países não incluem qualquer partido de direita nas suas soluções governativas (Eslováquia, Espanha, Lituânia, Malta, Noruega e Reino Unido). A classificação das famílias políticas teve por base a filiação europeia dos partidos ou a sua integração em grupos parlamentares no Parlamento Europeu.
Importa ainda destacar que mais de um terço dos países (11) têm coligações que combinam partidos de esquerda e de direita, demonstrando uma crescente procura por soluções políticas transversais.
Num contexto parlamentar fragmentado, como o português, será necessário um maior sentido de Estado por parte dos partidos, com capacidade para gerar consensos e assumir uma postura construtiva — sobretudo entre os maiores. Sem isso, o país corre o risco de entrar numa lógica de ciclos políticos curtos, dificultando a concretização de reformas estruturais de que tanto precisa.
André Pinção Lucas e Juliano Ventura
26 de maio de 2025