O Presidente da República voltou a Podence, no distrito de Bragança, para cumprir a promessa de fazer a inauguração de um mural com a sua figura numa das casas daquela pequena aldeia transmontana que se autoproclama como sendo o local onde o Carnaval é mais genuíno em Portugal.

Na véspera do início do Entrudo Chocalheiro – Património da Humanidade – e que vai durar quatro dias, com os caretos à solta, a chocalhar as mulheres com os chocalhos que trazem à cintura dos coloridos fatos, Marcelo rebelo de Sousa foi também deixar um apelo às entidades locais para que seja possível avançar para a construção de um museu do careto.

Uma hora antes da chegada de Marcelo, já Esmeralda Vasco, que se deslocou de Macedo de Cavaleiros, contemplava o mural alusivo ao Presidente da República, no largo da aldeia. “Vim para ver a festa, os caretos, mas vim mais pelo Presidente. Gostaria de lhe dizer que fizesse força para viesse outra vez a automotora para cá, que faz muita falta”, diz.

Jouquina Xavier, habitante de Podence, também esperava Marcelo, mas não esperava tirar nenhuma selfie. “Não. Há aqui muita gente nova e eu já não sou nova para isso. Mas, isto foi uma coisa muito bonita que se fez em Podence e ele também merecer que é boa pessoa”, afirma.

Egas Soares, tem 70 anos, e há 28 que, nesta altura, se veste de careto, um colorido fato amarelo, vermelho e verde, para chocalhar as mulheres com os chocalhos que trazem à cintura amparados por paus para as tropelias e disfarçados com as típicas máscaras de ferro. Tinha um recado para Marcelo Rebelo de Sousa. “Que seja ele próprio. Porque isto está cada vez pior”, adianta sem concretizar.

O autor do mural, chama-se TriDtos, tem duas dezenas de figuras espalhadas pela aldeia, desde António Guterres a Cristiano Ronaldo, mas confessa que este foi o mais difícil. “Pelo nível de responsabilidade que exigiu, sendo a pessoa que é”, confessa.

O Presidente da República já tinha estado em Podence, em 2020, logo depois de o Entrudo Chocalheiro ter sido classificado como Património Cultural Imaterial da Humanidade por parte da UNESCO. Agora, viu, in loco, o seu mural. “Sou suspeito, mas o mural é mil vezes melhor que o retratado. Fiquei muito favorecido”, refere o Chefe de Estado.

Mas Marcelo diz que a sua visita até tinha outra intenção. Apelar às entidades locais para que o Museu do Careto fosse uma realidade em breve. “Agora é que era a ocasião e não daqui a dez anos ou a vinte. Espero ainda vir cá como Presidente da República, pelo menos para ver arrancar a obra do museu, depois se for o meu sucessor a inaugurar que não demore muito tempo para ser no início do seu primeiro mandato”, diz.

Marcelo sai de cena, agora é a vez dos caretos de Podence saírem à rua até à próxima terça-feira.

Jornalista: Fernando Pires

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