No ato eleitoral, apenas estava uma lista a sufrágio. Votaram 198 sócios, registando-se apenas dois votos brancos. Para além da gestão dos bombeiros, o presidente da direção terá pela frente tempos conturbados no relacionamento institucional com o executivo da câmara de Mirandela, que já conheceu melhores dias.
Marcelo Lago foi reeleito, na passada quarta-feira, presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Mirandela, por mais três anos, a juntar aos 18 que já leva à frente dos soldados da paz da cidade mirandelense.
Marcelo Jorge Lago, tem 78 anos, foi presidente da Câmara de Mirandela, durante 13 anos. Está na liderança da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários e Cruz Amarela de Mirandela, desde 2001.Marcelo Lago diz ter duas prioridades para concretizar durante o mandato que vai até ao final de 2022. “Gostava de concretizar a ampliação do quartel com uma cave subterrânea e depois meter uma laje novamente a aumentar o parque, para os bombeiros ficarem com uma capacidade para mais 20 ou 30 anos. Outro objetivo é que nada falte naquela casa, sobretudo ao pessoal que ali trabalha, para podermos ter condições para dar resposta às solicitações dos mirandelenses”.
Confessa que, inicialmente, não estava nos seus planos recandidatar-se, mas entendeu que ainda não estavam reunidas as condições para deixar este barco à deriva, até porque não apareceu nenhuma lista adversária. Marcelo Lago entende que para exercer este cargo “é necessária disponibilidade a tempo inteiro”, alguém que, tal como ele, já esteja aposentado.
Esta associação de bombeiros, que já conta com 135 anos de história, “está bem apetrechada no que diz respeito a recursos humanos e materiais”, adianta Marcelo Lago. Conta com cerca 90 voluntários, 38 dos quais são efetivos e ainda mais de quatro dezenas de viaturas de transporte de doentes, incêndios urbanos e florestais e para apoio a acidentes de viação.
Uma estrutura pesada com custos consideráveis, mas que nos últimos anos tem sido sustentável, graças às receitas provenientes da gestão e exploração do parque de campismo e de um posto de abastecimento de combustíveis. Duas fontes de rendimento que deixaram de existir, este ano. Ainda assim, Marcelo Lago diz que “os investimentos feitos permitem uma folga financeira para os próximos anos”.
Marcelo Lago admite que a relação institucional com o Município de Mirandela já teve melhores dias, a que não fica alheio, por exemplo, o facto do executivo liderado por Júlia Rodrigues ter denunciado o protocolo para a gestão do Parque de campismo, que estava em vigor desde 2015, ficando os bombeiros apenas com a gestão do restaurante e do bar da piscina, até 2049. “Até sou amigo de todos os membros do executivo e sobretudo sou muito amigo da doutora Júlia. Como presidente da câmara, já não posso dizer a mesma coisa. Ou ela ainda não percebeu bem o que é uma associação de bombeiros, a falta que faz à cidade e os problemas que resolve ao próprio Município, porque se assim fosse o seu comportamento seria outro. Mas, a mim não me aquece nem me arrefece, porque continuo a fazer o mesmo serviço que fazia e é essa a informação que passamos para o pessoal é de que estamos aqui para servir e sobretudo o Município”.
Ainda assim, Marcelo Lago acredita que o bom senso vai imperar e que o relacionamento institucional com a autarquia vai melhorar.
Dívida dos hospitais é elevada
A dívida dos hospitais da região transmontana à Associação dos Bombeiros Voluntários de Mirandela ronda os 200 mil euros. “Ainda temos credenciais de 2018, que nem sequer ainda foram passadas, pelo que nem sequer existe a dívida, porque não podemos faturar. Deste ano, temos credenciais de maio que foram entregues agora no mês de dezembro, o que quer dizer que só agora estamos a faturar o mês de maio de alguns hospitais”, conta Marcelo Lago.
Jornalista: Fernando Pires
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