A festa da cidade de Mirandela, em honra de Nossa Senhora do Amparo, está a chegar ao fim de semana final e esta sexta-feira esperam-se milhares de pessoas nas ruas para assistir à marcha luminosa.

Pela madrugada vive-se a famosa noite dos bombos, com milhares de pessoas a tocar bombo pelas principais ruas da cidade, apinhadas de gente numa folia que contagia.

Este ano, esta tradição original comemora 56 anos. Os mirandelenses chamam-lhe a noite mais longa do ano. “É certamente o dia do ano em que a gente de Mirandela vai para a cama mais tarde, porque é um dia de diversão e de convívio com os que moram cá e aqueles que estão fora. Alguns só os vemos nessa noite e depois voltamos a encontrá-los no ano seguinte”, conta Alfredo Germano, um mirandelense para quem a noite dos bombos “é sagrada.”

Mas afinal, que tradição é esta. Nada melhor do que um dos mentores do evento. Rui Barreira, um conhecido empresário da cidade mirandelense, explica que tudo começou em 1963. “Na altura, um grupo de Mondim de Basto vinha de comboio, durante a madrugada, para fazer a arruada. Pedimos emprestados os bombos em troca de uma garrafa de whisky e começamos a tocar pela ponte velha. Gostamos tanto que nos anos seguintes a moda pegou e tivemos que começar a alugar bombos para satisfazer centenas de mirandelenses”, diz.

Nos primeiros anos, pediram emprestadas as batas brancas aos médicos do hospital para desfilar pelas ruas a tocar bombo. “Na altura, eramos meia dúzia, mas agora, seguramente, já são mais de duas mil pessoas que vêm de todo o lado tocar bombo”, conta Rui Barreira.

Atualmente, já não é possível alugar os bombos, dado o aumento brutal de adesões que se alargou aos forasteiros com grupos organizados. “Agora até já há famílias inteiras a integrar o desfile e grupos de amigos que usam fardas personalizadas”, diz Mário Esteves, outro fundador da tradição e o “maestro” da famosa noite dos bombos.

Para o juiz da confraria, presidente das festas, não há dúvidas que se trata de um dos eventos que traz mais gente às festas. “Os bombos e a marcha luminosa, esta sexta-feira, e a procissão e o espectáculo piro-musical, amanhã, são as principais referências da festa e a imagem de marca que seduzem milhares de pessoas”, conta Sílvio Santos.

Esta noite, por volta da meia-noite, os “tocadores de bombo” concentram-se no recinto do santuário. Têm à sua espera, centenas de litros de sangria, vinho, barris de cerveja, potes de rancho, sardinhas, alheiras e outros produtos regionais.

Cerca das duas e meia da manhã, e já com milhares nas ruas, que não arredam pé para assistir ao desfile, os tocadores percorrem as principais artérias da cidade, até ao amanhecer.

Fonte: JN

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