“Um cordão humano de abraço ao hospital de Mirandela”. É assim que o executivo da Câmara de Mirandela denomina a iniciativa que está a preparar para o próximo dia 25 de novembro e para a qual está a convidar a população. O propósito é demonstrar o descontentamento pelo encerramento provisório da valência de cirurgia-geral do serviço de urgência do hospital da cidade, até ao final de novembro, recenado que venha a tornar-se definitivo.

Na nota publicada, o executivo liderado pela socialista Júlia Rodrigues dá conta que, “apesar do diálogo com as entidades de saúde locais e nacionais, e de afirmar a disponibilidade da Câmara Municipal para ajudar a encontrar soluções para os problemas vivenciados no setor da saúde, torna-se imperioso demonstrar o nosso descontentamento perante o país e afirmar que: Mirandela não aceita o encerramento da urgência cirúrgica e de outros serviços de saúde”.

A ideia é promover, no dia 25 de novembro, às 16 horas, uma concentração e organização de um cordão humano junto da urgência do hospital, cujos pormenores devem ser revelados na manhã da próxima segunda-feira (20 de novembro), pela autarca mirandelense, numa comunicação aos jornalistas.

A especialidade de cirurgia-geral da urgência do hospital de Mirandela, está, desde o passado dia 8 de outubro, sem qualquer especialista de serviço, e assim vai estar, pelo menos, até ao dia 30 de novembro, dado que é a data limite da validade das escalas.

Os três cirurgiões que sempre estiveram afetos ao serviço de urgência do hospital da cidade mirandelense, foram alocados, desde aquela data (8 de outubro) à urgência do hospital de Bragança, da mesma área de abrangência da Unidade de Local de Saúde do Nordeste (ULSNE) – a entidade que gere os hospitais e centros de saúde do distrito – alegadamente, por constrangimentos na elaboração de escalas devido à recusa da maioria dos médicos em realizar trabalho extra para lá das 150 horas.

Apesar de várias tentativas, a administração da ULSNE nunca deu qualquer explicação oficial para esta medida, nem tão pouco esclarece se a situação será apenas provisória ou poderá vir a ser definitiva, tendo em conta que dois dos três especialistas, agora alocados a Bragança, já têm uma idade avançada (68 anos) e se não houver novas entradas pode estar em causa, em definitivo, aquela valência em Mirandela.

Sendo assim, desde o início de outubro, os doentes que necessitam de ser vistos por um profissional de saúde daquela área, ou que tenham de ser submetidos a uma intervenção cirúrgica urgente, estão a ser encaminhados para o serviço de urgência do Hospital de Bragança, a 60 quilómetros de distância.

No entanto, vários profissionais de saúde do hospital dizem que já existem rumores de que os três cirurgiões em causa já não regressam e com isso pode significar o princípio do fim da urgência Médico-Cirúrgica (UMC).

Desclassificação da urgência paira há muitos anos

Já não são de agora, os constantes rumores da possibilidade de despromoção do serviço de urgência do hospital de Mirandela, de médico-cirúrgica para básica.

Já houve mesmo denúncias da Ordem dos Médicos de que esta UMC está a funcionar sem algumas das valências que constam da listagem obrigatória num serviço com esta classificação e com poucos recursos humanos,

O distrito tem duas urgências médico-cirúrgicas (Mirandela e Bragança), criadas em 2007, depois dos SAP’s (Serviços de Atendimento Permanente) de alguns centros de saúde terem ficado com médico à chamada durante a noite.

Como contrapartida por esta situação, foi estabelecido um protocolo entre os presidentes de câmara da região e a ARS Norte para criar a urgência básica de Macedo de Cavaleiros e as médico-cirúrgicas de Bragança e Mirandela

A verdade é que a administração dos hospitais nunca cumpriu os requisitos definidos. Das valências médicas obrigatórias, algumas delas nunca funcionaram em Mirandela, e outras apenas têm o serviço algumas horas.

Jornalista: Fernando Pires 

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