O Ministério Público (MP) abriu um inquérito para investigar o “aumento inexplicável” do número de eleitores na Freguesia de Guiães, em Vila Real, onde o recenseamento subiu de 576 inscritos nas legislativas de maio para 660 nas eleições autárquicas de 12 de outubro, um crescimento de cerca de 15% em menos de cinco meses.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou à Lusa a abertura do inquérito, que decorre no MP de Vila Real e permanece em segredo de justiça.
A situação foi denunciada a 09 de outubro pela candidatura autárquica do PS, que considerou o aumento “anómalo”, sobretudo numa das freguesias mais pequenas do concelho.
“Registou-se aqui um crescimento do recenseamento de mais de 15%”, sublinhou à Lusa José Silva, presidente da Comissão Política Concelhia do PS de Vila Real.
Segundo o dirigente socialista, a participação eleitoral reforçou as dúvidas: dos 660 inscritos, votaram 453 eleitores, com o movimento independente Unidos por Guiães a vencer por apenas seis votos de diferença — 226 contra 220 do PS.
Em 2021, o PS tinha conquistado a junta com apenas quatro votos de vantagem.
José Silva destaca que a denúncia apresentada “não visou ninguém em particular”, mas apenas pretendeu alertar para uma variação estatística “sem explicação” e que merece verificação por parte das autoridades. A própria suspeita foi inicialmente levantada pelo então presidente de junta, recandidato pelo PS, que viria a perder o mandato.
CASOS SEMELHANTES NO DISTRITO LEVAM PGR A ABRIR OUTRO INQUÉRITO
A investigação em Guiães surge dias depois de a PGR ter confirmado também a abertura de um inquérito na União de Freguesias de Montalegre e Padroso, igualmente no distrito de Vila Real, onde foram registados 124 novos eleitores para as autárquicas.
A denúncia foi apresentada por Sandra Batista, candidata do PSD, que perdeu a eleição por 78 votos para o PS e que apontou “moradas falsas” e indícios de “fraude eleitoral”.
“O que me preocupa é a facilidade com que, em Portugal, se adulteram resultados eleitorais, principalmente nas autárquicas”, afirmou.
Com dois inquéritos abertos em menos de um mês por aumentos súbitos de eleitores no distrito de Vila Real, o Ministério Público continua a analisar os casos. Até ao momento, não foram divulgados detalhes sobre diligências nem eventuais suspeitos.
PS e movimentos independentes aguardam agora os resultados das investigações, que poderão vir a esclarecer se as variações no recenseamento correspondem a fenómenos administrativos regulares ou a práticas que possam comprometer a integridade do processo eleitoral.
A Redação com Lusa
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