Novidade avançada na passagem de testemunho da presidência da direção da Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua. Júlia Rodrigues, autarca de Mirandela, sucede a João Gonçalves, presidente do Município de Carrazeda de Ansiães. Implementação do plano de mobilidade do Vale do Tua está agora dependente do licenciamento da circulação na linha ferroviária.

Ficam prontas na próxima semana as obras de estabilização dos taludes e reabilitação da linha ferroviário do Tua, entre Brunheda e Mirandela, no valor de 5,6 milhões de euros e que eram consideradas essenciais para a implementação do plano de mobilidade do Vale do Tua.

Um atraso de praticamente dois meses relativamente à calendarização prevista, mas que o presidente cessante da direção da Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua (ADRVT) considera normal. “Os prazos não resvalaram muito, mesmo com os condicionalismos da pandemia que causaram dificuldades de alojamento e alimentação para o empreiteiro e sub empreiteiros e também alguma maquinaria imprescindível para a finalização das obras tinha de vir de Espanha e com as fronteiras fechadas até há bem pouco tempo foi impossível não ter este pequeno atraso, mas na próxima semana temos a receção provisória dessas obras”, garantiu João Gonçalves, na passada terça-feira, na Ecoteca de Mirandela, onde aconteceu a Assembleia-Geral da ADRVT marcada pela passagem de testemunho do autarca de Carrazeda de Ansiães para Júlia Rodrigues no cargo de presidente da direção da agência.

A presidente da câmara de Mirandela entende que a implementação do plano de mobilidade do Vale do Tua “é o grande desafio” do seu mandato até julho de 2021. “O nosso desígnio é mesmo por a circular o transporte ferroviário na linha do Tua tanto para a mobilidade quotidiana como para o transporte turístico, bem como outros projetos em que a agência está envolvida como o Parque Natural Regional do Vale do Tua”, afirmou Júlia Rodrigues.

A autarca de Mirandela não avança com prazos para essa realidade, porque “estamos dependentes do calendário das aprovações do licenciamento para a circulação das carruagens, mas espero que seja para breve”, acrescentou Júlia Rodrigues que assume agora a presidência da Direção da ADRVT que é rotativa entre os cinco municípios da área de abrangência, nomeadamente Carrazeda de Ansiães, Mirandela, Alijó, Murça e Vila Flor.

Deste organismo, criado em 2011, também como contrapartida da barragem, faz ainda parte a EDP.

Avanços e recuos no plano de mobilidade

O Plano de Mobilidade do Vale do Tua é a mais importante contrapartida exigida à EDP pelo aproveitamento hidroelétrico do Vale do Tua, que contempla a exploração turística da albufeira que resultou da construção da barragem, o regresso do comboio à Linha do Tua, e a mobilidade quotidiana das populações.

A sua implementação tem estado sujeita a diversas contrariedades, estando neste momento em fase de conclusão a execução das últimas obras na linha férrea do Tua.

Estas intervenções, resultam de vistorias e avaliações feitas à linha em 2017 e 2018, que obrigaram à realização de trabalhos de estabilização e reabilitação, previstos no contrato de concessão entre a Infraestruturas de Portugal e a Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua.

A Agência consignou os trabalhos, orçados em 5,6 milhões de euros, sendo que 5 milhões fazem parte do contrato estabelecido com a Mota-Engil, prevendo obras que consistem na estabilização dos taludes em escavação e aterro em simultâneo com as intervenções de desmonte de pedras, blocos e reabilitação da via-férrea.

Os restantes 600 mil euros, são referentes a um segundo contrato, estabelecido com a empresa Efacec, que prevê a instalação de um sistema de deteção de queda de blocos ao longo da linha.

O comboio faz parte do plano de mobilidade do Vale do Tua, que incluiu também um barco rabelo entre Brunheda e o paredão da barragem.

O comboio já está em Mirandela há quase três anos, adquirido pelo operador, a empresa Mystic Tua de Mário Ferreira, que celebrou um acordo que prevê que o operador fique responsável pela exploração e manutenção da ferrovia, exceto pontes e obras de arte que continuam sob a alçada da IP.

Define ainda que assegurará também a mobilidade das populações com as duas antigas carruagens do metro de Mirandela que estão a ser reabilitadas para o efeito e serão transferidas para o novo projeto junto com os funcionários.

Quando o plano estiver no terreno, a mobilidade quotidiana será feita com transporte rodoviário onde não há linha, nomeadamente entre o Tua e a Brunheda, e com as antigas carruagens do metro de Mirandela no troço reativado, entre a Brunheda e Mirandela.

A CP garante uma verba anual de 600 mil euros para assegurar a mobilidade das populações.

No mesmo percurso de 30 quilómetros circulará o comboio turístico, enquanto na nova albufeira que submergiu quase 20 quilómetros de ferrovia, navegarão barcos turísticos.

Recorde-se que a linha do Tua foi desativada, em quase toda a extensão, há mais de uma década depois de uma sucessão de acidentes ferroviários, com quatro mortes.

Jornalista: Fernando Pires

 

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