Artigo de opinião escrito por Katy Rodrigues – Consultora em Marketing, Turismo e Sistemas de Informação

O tema que tinha decidido abordar hoje matizava a oportunidade do metaverso* no setor do turismo, uma matéria proporcionalmente em voga com os investimentos anunciados pelos grandes players da tecnologia, não fosse o metaverso uma das temáticas explanadas na última Web Summit.

Mas enquanto Transmontana convertida e apaixonada por turismo, tenho forçosamente de abordar as particularidades do Natal Transmontano, que se distingue pela celebração de rituais do solstício de inverno, que por si, capitalizam o turismo erudito e o património imaterial, passando assim a “memória das pessoas para a história dos lugares”.

A Festa dos Rapazes e as máscaras em Trás-os-Montes são elementos de forte magnetismo territorial, que partilhados entre gerações, potenciam a expressão das gentes de toda uma região, que reveste rituais centrados em práticas autênticas, que perduram e se pronunciam graças às comunidades locais e à necessidade das mesmas em reproduzir estes ritos.

É entre 24 de dezembro a 6 de janeiro, que em algumas aldeias Transmontanas, os rapazes agitam e achocalham o povo (especialmente as raparigas solteiras), que nesses dias se enchem de sustos, perseguições e risos. As aldeias incorporam sons, cores, sátira e tradição. São feitas rondas, peditórios, loas e galhofas**, assim como o arremate*** e a distribuição do vinho e “pão bento”, no final da missa.

À volta de uma mesa típica e ainda com o som das gaitas de fole na mente, reúnem-se amigos, famílias e momentos de guardar no peito. O frio característico da época ajuda a suportar os calorosos trajes dos mascarados, mas não atinge o coração dos presentes, inspirando, porém, alguma nostalgia se se ousar elevar algumas reflexões.

O turismo em Trás-os-Montes é obviamente uma das indústrias impulsionadoras da região e a resposta para a criação de emprego e a consequente fixação das pessoas. Neste domínio, preservar a herança cultural e afirmar as singularidades do território, permite estruturar produtos turísticos originais, assentes em princípios de sustentabilidade e estes são (a meu ver) os “ganchos” perfeitos em que o marketing territorial se deve agarrar.

Mas o que valem tradições sem gerações vindouras fixadas nos lugares, que as possam transmitir e replicar? Esta é a triste verdade do nosso belo Trás-os-Montes, culturalmente tão rico, mas cada vez mais só! A esperança recai no apego dos filhos da terra, que afincadamente continuam a promover estas práticas e orgulhosamente expressam as suas raízes e os seus saberes.

Para quem veio de fora e tem assistido ao desabrochar do turismo regional, afirmo que muito se tem feito para a dinamização do setor e a preservação das tradições, mas este é um território que tem de se dar mais a conhecer, porque é particularmente merecedor de grandes conquistas na esfera turística.

Concluo com a reflexão de que não acredito que, um dia, o metaverso se aproxime do sentimento de autenticidade que a cultura imaterial nos induz. Será que o mundo digital terá a capacidade de incitar o sentimento de pertença a uma terra e a um povo? Espero profundamente que o metaverso não seja o único meio, no futuro, em que possamos vivenciar estas experiências culturais e, por isso, divulgo-as no sentido de as enaltecer e em jeito de agradecimento a quem as continua a praticar e fazer perdurar no tempo.

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