É comum dizer-se que, na vida, devemos criar pontes, manter laços que ligam e unem, sobretudo quando estes geram positividade e mais valias, no domínio da afetividade. E se é importante estabelecer e manter, saudavelmente, as pontes da imaterialidade, devemos ter em conta a importância da materialidade das pontes, que também foram e continuam a ser referências significativas em termos de identidade.
Sendo certo que, em boa medida, a nossa fluência existencial se sustenta em “pontes”, crescer junto a uma ponte, com simbologia histórica e afetiva, gera uma relação potenciadora de laços afetivos e de identidade que nos acompanham e marcam com gratificadora saudade, ao longo da vida.

Ora, neste contexto, tendo nascido e crescido junto, mesmo ao lado, da velhinha e humilde, mas sempre bonita e apelativa, ponte românica da minha aldeia, construí, com ela, uma relação de vizinhança perfeita, positivamente interativa. Implantada mesmo em frente à casa de família, era inevitável que não a olhasse, contemplasse, todos os dias, sendo a varanda o local mais indicado. Na ponte e na sua calçada românica brinquei, como os meus conterrâneos, inúmeras vezes. Conheço-a naturalmente, bem. Muito bem, pedra por pedra. Como ela me conhecia e conhece a mim. Quase todas as semanas nos “visitamos”. E, sempre que nos visitamos, saudamo-nos, com um carinho distinto.

Ela certamente me olha com carinho. Mas eu também observo, atentamente, tudo o que com ela se passa. Gosto, evidentemente, de a ver limpa, asseada, ou seja, devidamente enquadrada no contexto paisagístico, natural e belo, em que está implantada. Como gostaria que ficasse à vista da gente e fosse aliviada do aterro e do alcatrão que, agora, a cobre, encobre e oprime, a calçada românica do lado poente, tão linda que era e é, certamente.

Vem isto a propósito das obras de conservação que, aproveitando a invulgar seca da ribeira, a Câmara Municipal de Bragança e Junta de Freguesia local, estão a realizar naquele monumento de referência na região, classificado como imóvel de valor concelhio – Decreto n.º 29/de 17 de Junho. Para além da oportunidade, interessa, também, salientar a atenção e dedicação que os autarcas em referência manifestam em relação à necessária conservação. Na verdade, é sempre positivo constatar que há preocupação com a conservação de imóveis com relevante interesse histórico e cultural, para já não falar da importância de que se reveste, ainda, na ligação entre as duas margens da ribeira que atravessa a aldeia, nomeadamente em períodos de cheias.

A ponte românica de Frieira, pela importante relevância que já teve, durante séculos, no sistema de comunicações do Nordeste Transmontano, e pelas referências históricas que lhe são devidas, tem, obviamente, muita história para contar. Mas não é menos verdade que faz parte da história de vida muita gente, que a sente, e muita mais que gosta de a ver e fotografar e, sobre ela, a ribeira contemplar e também pescar. Por isso e também pelas inúmeras referências românticas que a envolvem, não posso deixar de a classificar como a Ponte dos afetos.

Quando estou longe e a evoco, voltando atrás no tempo, encontramo-nos num lugar indefinido entre o sonho e a realidade, entre a realidade e a fantasia e…conversamos palavras que ninguém percebe e só nós entendemos. E, porque a vida é uma história com uma existência de vários estádios, a vivência da minha adolescência com a Ponte, foi um período dos mais felizes. O tempo passou e a vida também, mas a Ponte permanece à espera de nós e de tantos outros que a recordam!…Sempre!…

Fazendo parte da Rota da Terra Fria e dos Pombais, na histórica aldeia de Frieira, merecem sempre especial referência, o Pelourinho, recuperado em 1992, classificado pelo Decreto n.º 23 de 11 de Outubro de 1933, o moinho de água a funcionar, o cruzeiro, a Igreja e o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios.

Artigo escrito por Nuno Pires

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