Dados oficiais confirmam que a realidade demográfica portuguesa evidencia um diferencial significativo, entre o número crianças e jovens e o número de idosos.
O baixo índice de natalidade está a tornar-se um problema social grave, com implicações futuras em toda a dinâmica do desenvolvimento e sustentabilidade económica.
Certo é que todos gostamos de viver mais tempo, sobretudo vivendo com qualidade e sentindo que a família e a sociedade assumem, por nós, a devida responsabilidade.

Porém, no contexto social em que nos encontramos, ser idoso, principalmente não sendo transversalmente autónomo, não se torna uma tarefa fácil. Para a própria pessoa idosa, que sofre os efeitos inerentes à idade, sobretudo quando apresenta dificuldades em realizar atividades básicas do quotidiano, como cuidar da sua higiene pessoal, comer ou, simplesmente, andar, e para quem dela tem o dever de cuidar.
Os encargos financeiros decorrentes da necessária adaptação das residências familiares e do material específico, bem como falta de equipas técnicas devidamente preparadas para prestar os diversos cuidados aos mais velhos no seu domicílio, constituem situações problemáticas ao nível familiar, difíceis de ultrapassar.
Por isso, mesmo compreendendo a dificuldades de cada família em proporcionar a atenção e o conforto dos idosos no seu próprio lar, entendo que a institucionalização dos idosos deve ser sempre vista como uma solução de recurso, embora não como um fim em si mesma.

Confesso que, mesmo consciente de que um dia poderia vir a necessitar, não cultivava estreita ligação com instituições que tratam e cuidam dos idosos.
Todavia, há cerca de cinco anos atrás, na sequência da degradação da autonomia física da minha mãe, sem outra possibilidade de solucionar o problema, recorrer à sua institucionalização tornou-se uma necessidade, mas sem imaginar que se viria a tornar uma decisão tão dolorosa, a separação, particularmente para o meu pai. Até dava a ideia que a casa de família e todo o ambiente afetivo intrínseco havia perdido a identidade.
Pensara eu, até aí, que não seria difícil encontrar, rapidamente, uma vaga num Lar de Idosos. Confrontado com a realidade, constatei que para institucionalizar um idoso, constitui uma grande dificuldade. Mesmo pagando.
Percebi, então, a razão de um estudo que revela que um terço das famílias portuguesas com idosos em Lares, tenha aguardado meses ou anos por uma vaga na instituição.

Agora, por força das circunstâncias, tenho cultivado uma ligação de mais proximidade, com a dinâmica ativa de uma Estrutura Residencial – Lar de Idosos. Devo dizer que, como noutro tipo de instituições, há diferenças significativas entre a falta de formação técnica e cívica, bem como inércia no funcionamento desleixado de uns e a eficácia e entrega ao serviço de “missão” de outros.
Contudo, cada vez que visito os meus pais no Lar, o que faço, no mínimo, uma vez por semana, mesmo consciente das boas condições físicas existentes e da disponibilidade ao nível da qualidade dos cuidados que lhes são prestados, onde estão institucionalizados, não posso deixar de ter em conta e pensar na insatisfação e na angústia que lhes vai no coração e na tristeza que lhes inunda a alma.

Resta-me a consolação de, na medida do possível, com relativa frequência, possibilitar-lhes o “matar” de saudades do “seu lar”, e do ambiente em que muito lutaram para os filhos poderem criar.

Artigo escrito por Nuno Pires

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