A Paragem Cardiorrespiratória (PCR) é uma condição clínica de emergência, que se não for imediatamente revertida conduz rapidamente à morte. A PCR é uma das principais causas de morte súbita em todo o mundo, e frequentemente ocorre fora do ambiente hospitalar, em locais públicos ou na residência.
Estima-se que a sobrevivência diminui cerca de 10% por cada minuto sem a intervenção adequada e eficaz. Em todos os casos a rapidez de resposta é fundamental e essencial. Nos casos ocorridos fora do ambiente hospitalar a desfibrilhação automática externa (DAE) toma um papel preponderante e pode fazer toda a diferença entre a vida e a morte.
O Desfibrilhador Automático Externo(DAE) é um equipamento médico portátil e fácil de usar. Concebido para ser utilizado por qualquer pessoa, mesmo sem formação médica, estes dispositivos realizam uma leitura automática do ritmo cardíaco e caso seja detetada uma arritmia, um ritmo desfibrilhável (como a Fibrilhação Ventricular (FV) ou Taquicardia Ventricular sem Pulso (TVsP)) dá indicação para ser ativada uma descarga elétrica (choque elétrico) com intuito de normalizar a atividade cardíaca de forma a obter um batimento normal do coração.
Está demostrado através da evidência científica que a utilização de DAE’S em ambientes extra-hospitalares, preferencialmente nos primeiros 3 a 5 minutos após a ocorrência da PCR, pode aumentar consideravelmente a probabilidade de sobrevivência com bom prognostico. A presença de DAE’s em espaços públicos (escolas, ginásios, centros comerciais, aeroportos, estádios de futebol, etc.), conjugada com programas de Suporte Básico de Vida (SBV) tem sido fundamental para salvar vidas, há estudos que indicam que uma desfibrilhação nos primeiros 3 a 5 minutos podem triplicar a sobrevivência da vítima.
A legislação portuguesa (nomeadamente o Decreto-Lei n.º 188/2009 e a Portaria n.º 258/2018) enquadra a instalação e utilização dos Desfibrilhadores Automáticos Externos (DAEs) em espaços públicos e privados, promovendo a criação de programas de desfibrilhação automatizada externa e incentivando a formação certificada de operacionais de Desfibrilhadores Automáticos Externos (DAE). É por isso fundamental sensibilizar a população para a importância de realizar formação de SBV e promover a utilização destes dispositivos.
A instalação de Desfibrilhadores Automáticos Externos (DAE’s) deve caminhar simultaneamente com programas locais de formação da população em SBV, criando uma cultura de responsabilização, solidariedade e prontidão para o socorro da vítima. A sensibilização da população é neste contexto essencial e fundamental, de forma a promover a atempada e correta utilização dos Desfibrilhadores Automáticos Externos (DAE)
Com um Desfibrilhador Automático Externo (DAE) salvar uma vida pode estar nas mãos de qualquer um de nós. Com este pequeno dispositivo por perto, e a coragem de agir, todos podemos ser elos vitais na cadeia de sobrevivência.
Porque salvar uma vida pode começar com um gesto simples: carregar num botão.
Artigo escrito por Miguel Dias, enfermeiro da ULSTMAD, membro da APSAT (Associação de Profissionais de Saúde do Alto Tâmega)