A hipertensão arterial (HTA), vulgarmente conhecida por “tensão alta”, é um problema de saúde que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, sendo que muitos ainda desconhecem que vivem com esta condição. De acordo com a Sociedade Portuguesa de Hipertensão, estima-se que a nível europeu, cerca de 30-45% da população tenha HTA, sendo que Portugal não é exceção a estes números.
O que é a hipertensão?
A HTA é uma condição crónica caracterizada pela elevação persistente da pressão do sangue nas paredes das artérias, para níveis acima dos considerados normais. A PA tem duas medidas: a pressão arterial sistólica ou “máxima” e a pressão arterial diastólica ou “mínima”. Considera-se que há hipertensão quando a pressão sistólica é igual ou superior a 140 mmHg (vulgarmente denominado como “14”) e/ou a pressão diastólica é igual ou superior a 90 mmHg (vulgarmente “9”) – valores avaliados em consultório.
De salientar, que apenas um valor isolado em determinada ocasião não faz diagnóstico de HTA.
Quais são os sintomas?
Esta patologia pode não dar sintomas numa fase inicial. No entanto, algumas pessoas referem dores de cabeça, tonturas, visão desfocada, cansaço, dores no peito ou sensação de falta de ar. No entanto, estes sintomas são pouco específicos e aparecem em inúmeras doenças. Mais tarde, aparecem os sintomas associados às complicações, sobretudo no cérebro, coração e rins – aumentando o risco de acidente vascular cerebral, enfarte do miocárdio, insuficiência renal, entre outros.
Causas e fatores de risco
A HTA pode ser causada por diversos fatores. Apesar de poder existir uma predisposição genética, muitos destes fatores estão relacionados com o nosso estilo de vida atual. São exemplo: o excesso de sal e gordura na alimentação, o sedentarismo, a obesidade, o consumo excessivo de álcool, o tabagismo.
Como se deve avaliar a pressão arterial?
Medir a pressão arterial pode parecer um gesto simples – e é. No entanto, para que os valores obtidos sejam considerados fidedignos devemos ter em atenção alguns fatores. Deste modo, a medição deve ser feita do seguinte modo:
– avaliar em condições ideais: em repouso, confortavelmente sentado, num ambiente silencioso e temperatura adequada, durante 3-5 minutos; sem ter fumado, bebido café, comido, ingerido fármacos ou realizado exercício físico nos 30 minutos anteriores;
– utilizar um aparelho (esfigmomanómetro) calibrado e validado, com uma braçadeira adequada ao tamanho do braço;
– colocar a braçadeira ao nível do coração, com os pés pousados no chão, as costas e o braço devidamente apoiados para evitar a contração;
– não falar durante ou entre as medições;
– avaliar a pressão arterial 2-3 vezes e registar a média dos dois últimos valores.
Como prevenir?
Devemos adotar hábitos de vida saudáveis, ou seja, uma alimentação equilibrada e diversificada (privilegiando a redução de consumo de sal e gorduras e, evitando o consumo de álcool), assim como prática de atividade física regular (uma simples caminhada diária já ajuda!) e evitar o consumo de tabaco. Devemos, ainda, controlar o stress e cuidar da nossa saúde mental. A par disto, a deteção e acompanhamento precoce pode reduzir o risco de vir a desenvolver consequências mais graves.
Por que tanta gente tem HTA e não sabe?
A resposta é simples e assustadora: porque não dói! Como referido anteriormente, muitas pessoas não têm queixas, até que seja tarde demais. Por outro lado, infelizmente, existe uma certa aceitação e, mesmo, banalização do diagnóstico de HTA. Muitas pessoas encaram esta patologia como algo “normal” com a idade, ou acredita que “um comprimido por dia resolve”. Este tipo de pensamento é perigoso, dado que tomar medicação sem mudar o estilo de vida é como “tapar o sol com a peneira”.
A mensagem é clara: viver com qualidade e por mais tempo está nas nossas mãos!
Artigo escrito por Ana Vieira de Carvalho, Médica na ULS de Trás-os-Montes e Alto Douro e membro da APSAT – Associação de Profissionais de Saúde do Alto Tâmega
