A força invisível das palavras e o poder transformador das emoções: que escolhas devemos fazer?
Já reparou na forma como fala consigo próprio? Já parou para pensar?
Nem sempre nos damos conta, mas dentro de cada um de nós há uma voz que nunca se cala.
É o nosso diálogo interno, quase sempre discreto, persistente e tantas vezes tão nocivo.
As palavras que usamos moldam a forma como pensamos, sentimos e reagimos. São comandos silenciosos que o corpo escuta com extrema precisão.
A Programação Neurolinguística, conhecida por PNL, explica precisamente isso: o cérebro acredita em tudo o que se lhe diz, seja em voz alta ou em silêncio.
Quando repetimos frases como “não consigo”, “isto vai correr mal” ou “não há solução”, o organismo responde de forma imediata. Ativa-se o sistema nervoso simpático, desencadeando a libertação de adrenalina e cortisol, hormonas do stress, que aumentam a frequência cardíaca, elevam a pressão arterial e alteram o padrão respiratório. Este estado de hiperativação fisiológica, quando mantido no tempo, compromete o sono, fragiliza o sistema imunitário e predispõe ao desenvolvimento de perturbações ansiosas e depressivas.
Por outro lado, quando o discurso interno é reformulado, “eu sou capaz”, “isto vai correr bem”, “vou encontrar uma solução”, prevalece a ação do sistema nervoso parassimpático, responsável pelo repouso e pela autorregulação.
O ritmo cardíaco estabiliza, a respiração aprofunda-se, os músculos relaxam e os níveis de cortisol diminuem.O cérebro liberta serotonina, dopamina e endorfinas, substâncias que restauram o equilíbrio emocional e promovem sensação de bem-estar. O corpo reencontra o seu ritmo natural, a energia reorganiza-se e a mente ganha clareza.
Não é magia, é neurofisiologia aplicada à vida.
Isto não é ingenuidade, é consciência. Cada frase que repetimos é uma semente lançada ao solo da mente e dela nascerá o fruto que iremos colher.
Cuidar das palavras que escolhemos dizer é, talvez, uma das formas mais simples e poderosas de cuidar da nossa saúde.
As palavras são o espelho da alma e quando escolhemos falar com amor, o corpo responde com vida.
Sara Ribeiro, enfermeira na ULSTMAD, membro da Associação de Profissionais de Saúde do Alto Tâmega (APSAT)
