Artigo de opinião escrito por Katy Rodrigues – Consultora em Marketing, Turismo e Sistemas de Informação

No decorrer de dois anos atribulados para o Mundo em geral, e também para o Turismo, esboça-se uma nova realidade no comportamento do ser humano e no seu perfil enquanto consumidor.

É certo que a pandemia de COVID 19 marcou a sociedade do século XXI, que se esbateu em reflexões profundas no que concerne às suas opções, ambições e planos de vida. O Mundo, as suas gentes e por isso também as organizações, reajustaram-se a uma nova realidade, triste e simultaneamente manchada pela Guerra.

Em Portugal, o setor do turismo revelou-se primordial para a recuperação da economia. Estima-se que as receitas turísticas em 2022 ultrapassem os valores registados em 2019 e sabe-se que no segundo trimestre do ano corrente, o produto interno bruto nacional cresceu cerca de 7% face ao trimestre homólogo de 2021 (INE, 2022). Neste plano, os resultados do turismo são notórios e essencialmente fruto de uma enorme vontade de “desconfinamento” por parte do consumidor, que reconhece ao destino turístico Portugal, atributos de qualidade, confiança e competitividade.

Todavia, há que fazer jus à estratégia nacional adotada para o setor. No decorrer de uma crise económico-social e sanitária, observou-se a atribuição de apoios e orientações claras para amodernização e capacitação dos players do turismo, incentivando práticas que tornem as “empresas socialmente justas, ambientalmente responsáveis, e financeiramente sustentáveis”. Reconhece-se que a Era Covid também foi a Era da aceleração digital e das questões voltadas para a sustentabilidade. É na Era Covid que o Marketing 5.0 emerge e da “tecnologia para a humanidade”, exploram-se novos modelos de negócios e reformulam-se processos operacionais, que através do recurso tecnológico e da automação do marketing, permitiram obter mais e melhores dados sobre as tendências, segmentos e mutações dos mercados, melhorar a performance empresarial e, assim, melhorar a experiência dos turistas.

Na atualidade, surgem estudos que apelam para a importância da geração Z realçando a relevância deste segmento, considerados os “jovens de hoje como os turistas de amanhã”. Estima-se que a geração Z (com idades atualmente compreendidas entre os 18 e 24 anos) represente 1/3 da população ativa em 2030, e que a sua alta propensão para viajar, aliada à sua forte dependência e domínio domundo digital, traduzam um segmento promissor para o turismo Europeu (Yougov,2022).

Assim sendo, e sem descurar as tendências e segmentos atuais, a atividade turística deve continuar este caminho evolutivo, rumo à expansão de um novo e particular segmento que emerge. O marketing preditivo, o marketing contextual, o marketing aumentado e o marketing baseado em dados são ferramentas poderosas para a personalização, humanização e segmentação da comunicação alusiva ao turismo.

Se em breve, os potenciais consumidores de experiência turística são nativos digitais, tecnologias como a realidade virtual, realidade aumentada, a internet das coisas e o blockchain deverão passar a triviais.

Neste enquadramento, cabem ao gestores e profissionais de marketing, interiorizar e consolidar os seus procedimentos e estratégias tendo em conta o vínculo entre a evolução do turismo e a evolução tecnológica.

Contudo, e embora este artigo se debruce sobre a importância da tecnologia numa indústria tão relevante e complexa como a do turismo, é importante enaltecer e perceber que o fator humano será sempre o fator diferenciador que define o sucesso das organizações turísticas e dos destinos, não fosse Portugal reconhecido mundialmente pelo “bem receber” de um povo genuinamente hospitaleiro.

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