Bárbara Rodrigues – Técnica Superior na empresa Resíduos do Nordeste, EIM S.A. 

Sem dúvida que este reino maravilhoso se faz de muito ambiente natural, mas será que por este ser tão óbvio, sabemos que valores estão por de trás deste “património verde”? Será que somos mais conscientes enquanto consumidores da economia desta região?

Mais do que nunca aprendemos a valorizar os momentos. Os conceitos consumo consciente, responsável, produção sustentável, deixaram apenas de ser palavras. As marcas passaram a ter valores ambientais a partir do momento em que foram responsabilizadas pela poluição. O marketing verde passou a estar de mão dadas à premissa fazer bem.

E nós Transmontanos, como nos classificamos enquanto consumidores? Enquanto mães estaremos conscientes de que temos os valores ambientais necessários para garantir o futuro dos nossos filhos, e mais do que isso, estaremos nós a passar a necessidade desses valores? Não estou a dramatizar, mas pontualmente é importante fazer esta reflexão.

Preservamos e valorizamos o capital natural se tivermos a consciência de que a maioria do que utilizamos no nosso dia a dia é feito a partir de recursos que vêm da natureza, e que estes se esgotam. Consequentemente, para haver um equilíbrio devemos manter em circulação produtos e serviços durante o maior tempo possível e ao mais alto nível de utilização.

É verdade que a maioria dos nossos municípios são áreas predominantes rurais, e que perderam um número significativo de pessoas, mas a verdade é que na mudança dos tempos também se perderam alguns valores ambientais, como o reutilizar, o doar, o cultivar, não desperdiçar, o partilhar, o compostar e porquê? 

Porque o marketing é uma ferramenta poderosa que entra nas nossas casas, mas também porque temos uma população envelhecida que deixou “de fazer”, porque o trabalho da terra é doloroso e não é valorizado – Hábitos e comportamentos que se perderam no tempo.

O consumo responsável faz-se de escolhas conscientes e críticas, contribuindo para uma maior dignidade humana e para o respeito pelo ambiente. Pois bem, infelizmente algumas escolhas mais verdes são ainda caras, mas o problema reside um pouco antes. Será que o consumidor nas suas escolhas tem a consciência ambiental, ativa? Somos nós que determinamos a oferta descartável. E nem sempre as opções mais amigas do ambiente são mais caras.

Tudo o que se compre e provenha p.e de fibras naturais, de metais preciosos, disparou o preço, porquê? Porque este mercado nunca foi autosuficente, é volátil e agora, temos preços a disparar. Mais do que um sinal dos tempos, é uma ordem de mudança!

Precisamos de consumir de forma responsável, sermos “gestores do nosso lixo”, sim, porque desde que acordamos até à hora que nos deitamos, as nossas mãos tocam em muitos materiais, em muitas embalagens, em alimentos, onde, grande parte termina como lixo, pois se tal não acontecesse o camião de recolha não passaria diariamente na nossa rua (meio urbano). 

Lixo é um termo que se deve aplicar apenas ao que não tem valor, e acreditem, diariamente deitam valor fora, e mais uma vez, isso começa no ato de compra, sim, porque quanto mais embalagens trouxerem no saco de compras maior é a fatura, e maior vai ser também num curto espaço de tempo o custo da fatura do lixo:

Num horizonte próximo, o consumidor português vai pagar pela quantidade de lixo que produz… Então o melhor é começar a pensar em resíduos, sim, algo que ainda que nos queiramos desfazer, tem valor, mas esse valor só vai ser capturado se começarem a separar & reciclar mais, e antes disso, se começarem a produzir menos resíduos!

Chama-se Economia Circular, aplica-se aos territórios, às suas gentes, reforça valores sociais, ambientais e económicos, e Sim, e veio para ficar também em Trás-os-Montes.

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