Artigo de opinião escrito por André Fernandes- Especialista em IT Governance e Investigador

Enquanto a Europa se reinventa, num xadrez geopolítico global em constante ebulição, onde as regras de ontem são pó e as alianças de hoje podem ser desfeitas amanhã, Portugal assiste, inerte, à passagem do tempo. Uma década de estagnação económica e paralisia política relegou o país a um papel secundário nos debates europeus, aprofundando o fosso que o separa de um futuro promissor. As constantes crises políticas – um turbilhão de escândalos, instabilidade e disputas partidárias – aceleram essa decadência e corroem as bases do desenvolvimento, desperdiçando potencial de crescimento, perdendo talento nacional, adiando reformas estruturais e inviabilizando um rumo estratégico.

Este cenário de decadência e paralisia tem um custo elevado, que se reflete no dia a dia dos portugueses e nos pilares fundamentais da sociedade e da economia. Na educação, os resultados aquém do desejável em rankings internacionais refletem um sistema que falha em preparar os jovens para os desafios do século XXI. Muitas escolas continuam reféns de infraestruturas obsoletas e da falta de recursos, limitando as oportunidades de aprendizagem e aprofundando desigualdades. Na justiça, a morosidade dos processos é gritante, com casos a arrastarem-se por anos, gerando uma profunda incerteza jurídica, afastando investimentos e minando a confiança dos cidadãos nas instituições. No âmbito fiscal, temos um sistema de tal forma complexo e com uma carga tributária tão elevada que quase parece desenhado para desencorajar a iniciativa privada e a criação de emprego, em vez de a promover. Este conjunto de entraves – da educação à justiça, passando pelo fisco e pela burocracia – asfixia a economia e tem um custo humano devastador: a precariedade laboral, os baixos salários, a dificuldade de acesso a serviços públicos de qualidade, a emigração (especialmente dos jovens qualificados), a diminuição das oportunidades e a perda de esperança no futuro.

Apesar da clareza do diagnóstico e da urgência das soluções, os sucessivos governos, independentemente da sua bicolor partidária, têm demonstrado uma flagrante falta de coragem e visão estratégica para implementar as reformas estruturais necessárias. O sistema eleitoral, que prejudica a renovação democrática, penaliza o interior do país e força muitos eleitores a cair no chamado ‘voto útil’, é apenas um sintoma de um problema maior: a resistência à mudança e a priorização de interesses partidários em detrimento do bem comum. O imobilismo tornou-se a norma, com decisões cruciais a serem constantemente adiadas, sacrificadas no altar de cálculos eleitorais e da preservação de equilíbrios de poder entre os dois principais polos políticos do país. É, no mínimo, irónico – e até cínico – que esses mesmos partidos apelem a essa mesma estratégia, a do “voto útil”, perpetuando a lógica que impede uma verdadeira renovação política e aprisiona Portugal num ciclo vicioso de estagnação. A disputa constante pelo poder, com o seu foco no curto prazo e em ganhos eleitorais imediatos, obscurece as necessidades prementes dos portugueses e inviabiliza a construção de uma visão de longo prazo para o país.

Até quando assistiremos, passivamente, ao desperdício do talento e do potencial de Portugal? A estagnação não é uma fatalidade, mas uma escolha. É urgente acelerar o ritmo das reformas, investir no futuro e criar um país onde cada português tenha a oportunidade de prosperar. O futuro não espera: age-se agora ou lamenta-se depois.

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