Artigo de opinião escrito por Luís Eleutério – Licenciado em Enologia e Mestrando em Engenharia Agronómica (UTAD)
Neste passado domingo, 18 de Maio de 2025, realizaram-se mais umas eleições legislativas, dependendo de cada um de nós os resultados foram, naturais ou surpreendentes seja pela positiva ou pela negativa. As contagens/resultados dos votos dos círculos da emigração ainda não são conhecidos, mas podemos ter uma ideia geral do que aí vem.
Antes de fazer a minha análise, faço uma declaração de “conflito de interesses”, sou membro, militante se preferirem, da Iniciativa Liberal, mas apesar disso tentarei fazer uma análise o mais isenta possível.
Os claros vencedores da noite, foram a AD, o Chega e o JPP, os claros perdedores foram o BE e o PS. A IL e o Livre são pequenos ganhadores o PAN, mantém-se e o PCP é um pequeno perdedor.
As próximas semanas vão ser “interessantes”, vamos assistir a muitos jogos, alguns públicos, outros nos bastidores, avanços, recuos, “chantagens”, zangas, ameaças, reencontros, enfim uma panóplia de “sentimentos e emoções” digna de uma terapia no final deste processo para todos os intervenientes.
E cenários? Existem na minha opinião apenas três possíveis cenários, bons, maus ou assim-assim deixo ao critério de cada um.
O primeiro cenário que vejo é uma negociação entre AD e PS, com acordo de incidência parlamentar, olhando para o passado, a mesma situação, mas de “ângulo” inverso ao que Marcelo proporcionou a Guterres. Este acordo poderia ir de duas formas a primeira com o PS a ceder e a aceitar algumas reformas estruturais, as mais fáceis claro, Justiça, Imigração e pouco mais, ou então o PS ser o que sempre é quando se fala de reformas estruturais que é ser um bloqueador. Em qualquer uma das modalidades escolhidas ambos estariam de acordo num aumento significativo da despesa, quanto a ser bem aplicado isso são contas de outro rosário…. Vencedor neste cenário?
O segundo cenário será uma negociação e acordo entre AD e Chega, seja no âmbito da governação ou de apoio parlamentar. Este trar-nos-ia um resultado mais imprevisível… Com toda a certeza era o cenário preferido pela extrema-esquerda, podia ser a sua hipótese de voltar a ter expressão eleitoral! A forma como decorreria depende muito de como o Chega se ia posicionar, se mantivesse o registo, iam ser conferências de imprensa, fugas para a imprensa, revelações de negociações, enfim um sem fim de novelas, ou atividades circenses, exigências de aumentos de despesa incomportáveis junto com baixas de impostos importantes, propostas constitucionalmente impossíveis, etc. Acabaria por ruir certamente e um deles ou ambos sairiam prejudicados num cenário eleitoral antecipado.
Se o Chega alterasse o registo e se se moderasse, poderia ser o cenário de uma calmaria, poderia até tornar possível uma revisão constitucional, alguma baixa de imposto importante, claro que com alguns aumentos de despesa também, mas tb eles mais moderados, caso resultasse era um sarilho para extrema esquerda, PS e também para a IL, provável que aconteça? Pouco na minha opinião, mas não tenho capacidades para ler o futuro nas estrelas…
O terceiro cenário e para mim o mais provável, vai ter a AD e Luís Montenegro a navegar à vista, sem acordos escritos, negoceia isto com este, aquilo com aquele, até pode haver uma ou outra reforma estrutural junto com Chega e IL, mas irremediavelmente iriamos cair num cenário de eleições antecipadas novamente. Pelo meio Chega e PS também se uniriam para propor aumentos de despesa completamente desnecessários, à imagem desta pequena legislatura que agora termina. Mas qual seria o objetivo da AD nesta situação? O mesmo do segundo Governo de António Costa, cair e tentar a maioria absoluta! Conseguirá? Não sei…
Qual deste o melhor cenário para o País? Sinceramente não sei ou talvez não exista…
Mas sobre o melhor para os partidos posso partilhar a minha reflexão. Penso que PS e AD, mesmo não admitindo precisam de uma legislatura de quatro anos, precisam de refletir sobre os erros do passado tanto do mais longínquo como do mais recente, precisam de se reconciliar com eles mesmos para depois se reconciliarem com os portugueses e precisam efetivamente de voltar a uma política de princípios que se regre por ética, legalidade, honestidade e respeito tanto entre eles como pelos eleitores. Se não fizerem essa reflexão estão sujeitos a serem engolidos pelo “papão”!
Para o Chega há duas formas, as crises continuas por um lado trarão beneficio próprio, apesar de a prazo poderem tornar-se desgastantes tanto para André Ventura como para os seus eleitores, eles querem coisas e querem “já”. A moderação é o outro caminho possível, mas esse também poderia afastar certo eleitorado tido como “certo”.
Todos os outros partidos, penso que também precisam de uma legislatura de quatro anos, isto para terem hipóteses de continuar na Assembleia da República, uma situação de eleição nos finais de 2026 ou inícios de 2027 poderia ser catastrófica em termos do chamado “voto útil”. No caso do primeiro cenário ser o escolhido poderia trazer algum benefício à Iniciativa Liberal e ao Livre, mas mesmo assim a imprevisibilidade é muita.
Mas era bom que o discurso político e imprensa se centrassem mais no debate dos vários problemas que enfrentamos que não se veem suficientemente bem debatidos, nem se conhecem muito bem as propostas dos partidos e o impacto que teriam! Precisamos de debater a Segurança Social, Saúde, Educação, Economia, Justiça, Lei Eleitoral, Segurança, Agricultura e Floresta, Imigração, Europa. Mas debater de forma séria, mais que ideologia e demagogia precisamos de coisas concretas e de futuro!
O que for, virá! Durante quanto tempo? Veremos! Como ficará o País? Logo se vê, felizmente somos bons no desenrascanço, pena que somos tão mauzinhos no planeamento! Mas lembrem-se os eleitores não podem fazer o “trabalho” sozinhos!