Nas férias de verão, o que não falta é tempo livre, o que leva a que muitas crianças e jovens passem mais tempo em frente aos ecrãs, muitas vezes a jogar. Para muitos pais, os videojogos tornam-se um dilema: entre a preocupação com o excesso de horas passadas a jogar e o alívio de ver os filhos entretidos, é fácil cair em extremos. No entanto, o verdadeiro problema não está nos videojogos em si, mas na forma como são utilizados.
Promover uma jogabilidade responsável durante as férias deve ser uma prioridade para as famílias. A ausência de rotinas pode levar a maratonas de jogo prolongadas e desequilibradas. Jogar não é, por si só, uma atividade negativa. Pelo contrário: pode estimular a criatividade, a resolução de problemas, o pensamento estratégico, a aprendizagem de línguas e até a socialização. O importante é que a relação com os videojogos seja equilibrada e consciente.
Para tal, é importante estabelecer hábitos saudáveis à volta dos videojogos, começando por definir horários e limites claros, tal como se faz com outras rotinas diárias. Estabelecer momentos específicos para jogar e fazer pausas regulares ajuda a evitar excessos e promove o autocontrolo.
A escolha dos videojogos também é essencial. Nem todos os títulos são adequados a todas as idades e os sistemas de classificação etária, como o PEGI, podem ser uma ferramenta útil para orientar as famílias. Além disso, quando os adultos se interessam pelos videojogos dos mais novos, o diálogo torna-se mais natural. Jogar em família ou, pelo menos, acompanhar de perto a experiência de jogo, não só fortalece os laços como permite uma supervisão mais eficaz.
É igualmente importante que o tempo dedicado aos videojogos não substitua outras experiências fundamentais, como brincar ao ar livre, ler, praticar desporto ou simplesmente conviver com amigos. O equilíbrio entre o digital e o analógico deve ser incentivado todos os dias.
Neste verão, em vez de vermos os videojogos como uma ameaça, olhemos para eles como uma oportunidade: de aprender, de criar, de desenvolver competências e de nos divertirmos. Sempre com equilíbrio, presença e sentido crítico. Jogar com responsabilidade é, também, uma forma de crescer.
Artigo escrito por Tiago Sousa, Diretor Geral da Associação de Empresas Produtoras e Distribuidoras de Videojogos (AEPDV)