A Direção da Organização Regional de Bragança (DORBA) do PCP acredita que as dificuldades dos mirandenses em aceder ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) não se resolvem financiando o negócio da saúde privada graças ao dito “cartão de saúde municipal”.

Em comunicado enviado à redação do Canal N, começa por explicar que nas últimas eleições autárquicas, foram vários os partidos que prometeram em diferentes concelhos do distrito de Bragança, um “seguro de saúde privado” para responder às carências do SNS, prometendo usar fundos municipais – fulcrais para o cumprimento das efetivas competências do poder local – para o financiamento do negócio da saúde privado. “O executivo municipal do PSD em Miranda do Douro, prometeu e cumpriu, isto é, entregou 690 mil euros a uma empresa privada em troca de dois anos de serviços”, afirma.

O PCP refere que “conhece bem os problemas no acesso aos cuidados de saúde do SNS, que são reais e bem sentidos em concelhos como Miranda do Douro, onde à longa distância até ao hospital mais próximo se junta a redução de repostas na ULS Nordeste”, mas sublinha que “a resposta a estes problemas só pode passar pelo reforço do SNS, garantindo assim o direito à saúde dos Mirandenses”.

Desta forma, este partido acredita que o município de Miranda do Douro optou por caminho diferente, preferindo contribuir para o problema em vez de procurar solução para o mesmo.

“Para o PCP é evidente que os partidos políticos que hipocritamente dizem não haver dinheiro suficiente para reforçar o SNS, são os mesmos que, no plano nacional, desviam milhares de milhões de euros do Orçamento de Estado para os serviços privados de saúde. Este é o diapasão da política de direita, pelo qual o executivo PSD na Câmara Municipal de Miranda do Douro, afina a sua demagogia”.

Na mesma nota, refere que este contrato com uma empresa privada “não contribui para garantir uma solução de proximidade ao mirandense”. Explicando que “a larga maioria dos serviços será prestada nas instalações da seguradora em Viseu (a 230km); alegadamente haverá articulação entre o médico de família e esta seguradora, algo difícil de acreditar, tendo em conta o normal funcionamento da ULSN; há ainda dúvidas sobre quais os serviços prestados, sendo certo que entre eles não se encontram nem o internamento nem a cirurgia”.

No comunicado o PCP acredita que será o reforço do SNS e medidas concretas que vão ao encontro da resposta às carências destas regiões. Segundo ele, apresentando inúmeras propostas na Assembleia da República para um SNS próximo e de qualidade, como a atribuição do transporte não urgente a todos os utentes do Serviço Nacional de Saúde, ou como, por exemplo, reforçar os Cuidados de Saúde Primários, visando a proximidade às populações e tempos de resposta adequados à proteção da saúde dos utentes, a valorização dos profissionais do SNS, o aumento do investimento, desbloquear a contratação de trabalhadores e a reposição de especialidades e valências nos três Hospitais da ULS Nordeste.

“A DORBA do PCP entende que a aprovação destas propostas resolveria em grande medida os problemas do SNS, e em concreto as carências sentidas pelos utentes em Miranda do Douro”, lê-se.

Jornalista: Rita Teixeira

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