É urgente criar estruturas de armazenamento de água na região transmontana que permitam aos agricultores que em anos de seca possam regar, usando a água de forma eficiente” e a solução “poderá passar pelo aproveitamento da água das barragens do Baixo Sabor e do Tua”.

Quem o diz é o Presidente da APPITAD, Associação dos Produtores em Proteção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro. “Todos os dias vemos passar água em direção ao rio e ao mar e temos poucas estruturas de armazenamento de água, ainda por cima numa região em que chove com alguma intensidade”, lamenta Francisco Pavão que não consegue entender como foi possível que aqueles dois empreendimentos hidroelétricos tenham sido construídos na região sem que tenha sido exigida essa salvaguarda. “Como foi possível que duas massas de água enormes criadas na região, as barragens do Tua e do Baixo Sabor, em que o aproveitamento que têm não é agrícola, é impensável”, sustenta.

Francisco Pavão revela que a própria CAP já reuniu com o Ministro do Ambiente e já foi abordada a possibilidade de essa água ser disponibilizada para rega e dá o exemplo do que acontece na barragem de Alqueva, no Alentejo. “O Alqueva não é só o regadio direto, mas também são transvases de água para outras barragens e as pessoas regam a partir delas, e nós podemos perfeitamente não fazer rega direta, mas podemos até bombear com energia fotovoltaica durante o dia e depois regar durante a noite”, explica.

O Presidente da APPITAD também considera que é importante o papel das autarquias, para que seja possível criar um plano hídrico estruturante de base regional e não apenas ao nível das Comunidades Intermunicipais. “Temos o exemplo do Rio Rabaçal que divide Mirandela de Valpaços, mas depois temos duas CIM’s e se chegarmos ali perto do Franco, colocamos um pé de um lado, outro pé do outro e a mão no outro e estamos em três CIM’s. Assim não dá”, sustenta Francisco Pavão, entendendo que a região “tem de ser pensada como um todo, e os projetos têm de ser supramunicipais e supra CIM’s de forma a encontrar o modo de satisfazer as necessidades dos agricultores”, diz.

Mas enquanto não avança um plano hídrico na região, e numa altura em que os ciclos de seca são mais curtos entre si, Francisco Pavão entende ser fundamental estudar novas técnicas para mitigar os efeitos da seca, por exemplo, através da instalação de pequenas bacias de retenção de água que permitam aos agricultores regar.

Jornalista: Fernando Pires

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