Um ano após a eleição dos novos órgãos sociais, o presidente da Casa do Douro, Rui Paredes, faz um balanço marcado pela frustração e pela expectativa gorada de avanços mais rápidos na restituição de competências e na atribuição de uma dotação orçamental à instituição. “Esperava ter avançado mais do que aquilo que avançámos”, afirmou, admitindo estar “bastante insatisfeito” com a lentidão do processo.

As eleições para a direção e para o conselho regional de viticultores realizaram-se a 21 de dezembro de 2024, tendo a tomada de posse ocorrido no final de janeiro. Quase um ano depois, persistem entraves à plena aplicação da Lei n.º 28/2024, que restaurou a Casa do Douro como associação pública de inscrição obrigatória. Segundo Rui Paredes, apesar de já ter sido entregue ao Governo o plano de instalação solicitado, continua a faltar uma “efetivação” concreta por parte da tutela.
“Foi elaborado um plano de instalação bem estruturado, com base nas competências atribuídas pelo legislador, nomeadamente nas áreas da fiscalização, do cadastro e do marketing”, explicou o dirigente, acrescentando que a instituição aguarda agora a decisão do ministro da Agricultura para poder avançar com a sua implementação. O Ministério da Agricultura não prestou esclarecimentos.
Entretanto, um grupo de viticultores levantou dúvidas quanto a uma alegada incompatibilidade entre as funções de Rui Paredes enquanto presidente da Casa do Douro e diretor da Adega de Favaios. O responsável desvalorizou as críticas, classificando-as como “mais do mesmo” e acusando alguns setores de tentarem “ganhar na secretaria”. Adiantou ainda que foi solicitado um parecer jurídico que confirma que a situação “está dentro da legalidade”.
Apesar das limitações, Rui Paredes garante que a direção e o conselho regional têm trabalhado em defesa dos interesses da região duriense, embora reconheça a falta de proximidade com os viticultores. “Tal não é possível porque não temos meios para isso”, sublinhou, lembrando que a Casa do Douro dispõe de um vasto património — vinhos, ações e imóveis — que poderia permitir a construção de uma instituição “mais forte e mais próxima do território”, caso fosse resolvida a dívida histórica ao Estado.
Desde 2014 que está em cima da mesa um acordo de dação em cumprimento para liquidar essa dívida, através da entrega de vinho do ‘stock’ histórico e do património remanescente à própria Casa do Douro. Enquanto isso não acontece, a gestão sem dotação orçamental tem sido, segundo o presidente, “muito difícil”.
“Algumas despesas estão a ser pagas do bolso dos membros da direção e do conselho regional. Isto é passar um atestado de menoridade a toda uma região que tem capacidade para trabalhar condignamente e não precisar de esmolas de ninguém”, criticou.
Ao longo do último ano, a Casa do Douro apresentou várias propostas à tutela, incluindo a medida de destilação de uva para vinho, num contexto de quebra de produção que poderá ter atingido os 35%. No entanto, a aplicação da medida, com uma dotação de 15 milhões de euros, ficou aquém das expectativas. Rui Paredes defende que o montante não utilizado possa ser reafetado em 2026, em benefício direto dos viticultores ou através de novos incentivos à região.
O dirigente reconheceu ainda falhas na comunicação do trabalho desenvolvido, classificando-a como uma “grande pecha”, mas reiterou que sem condições materiais e financeiras é impossível ir mais longe.
A concluir, Rui Paredes sublinhou a importância de manter o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) como instituto público, defendendo, contudo, uma entidade “mais forte, mais ágil, sem a amarra das cativações e muito mais proativa e dinâmica”, à altura dos desafios da região demarcada mais antiga do mundo.

A Redação com Lusa
Foto:DR

IMG_9798
Design sem nome (5)
Dizeres Populares BIG MAC VAI NUM AI Mirandela Braganca 730x90px
Dizeres Populares BATATAS TAO ESTALADICAS Mirandela Braganca 730x90px
Alheiras Angelina
Dizeres Populares TASTY ARREGUILAR OS OLHOS Mirandela Braganca 730x90px
banner canal n
Banner Elisabete Fiseoterapia
Artigo anteriorGOVERNO APROVA AUMENTO DO SALÁRIO MÍNIMO PARA 920 EUROS EM 2026
Próximo artigoCHAVES APROVA ORÇAMENTO DE 91 MILHÕES DE EUROS PARA 2026 COM FORTE APOSTA NO INVESTIMENTO