“Factos vistos à Lupa” por André Pinção Lucas e Juliano Ventura – Uma parceria do Canal N com o Instituto +Liberdade

A verdadeira montanha económica de Portugal

O debate sobre o crescimento económico ganha outra nitidez quando medimos a “montanha” que Portugal teria de escalar para convergir, numa década, com as economias mais avançadas. A projeção do FMI aponta para um crescimento real do PIB per capita em torno de 1,8% ao ano até 2030, nível que, prolongado até 2034, permitiria ultrapassar o Japão, cuja expectativa de crescimento é ainda mais baixa (1,2%). Mas aqui termina a parte fácil.

Para alcançar economias como Espanha, Reino Unido ou França, Portugal precisaria de crescer entre 2,1% e 2,7% ao ano — ritmos exigentes, mas plausíveis em países que reformam, inovam e removem barreiras internas ao investimento. Quando o alvo são economias mais produtivas, como Alemanha, Dinamarca ou Países Baixos, o desafio torna-se muito mais íngreme: seriam necessários crescimentos médios de 4,3%, 5,6% e 6,1% ao ano, respetivamente.

No topo da montanha encontram-se os EUA e a Suíça, cuja convergência exigiria crescimentos próximos de 7% ao ano durante 10 anos — um patamar nunca observado nas economias avançadas nas últimas décadas e largamente irrealista para Portugal. Importa notar que esta análise não é estática: as estimativas de crescimento dos outros países foram igualmente consideradas, e muitas economias europeias enfrentam previsões modestas, o que torna parte da convergência mais atingível do que poderia parecer.

O exercício revela a dimensão estrutural do desafio português. O atraso económico não é conjuntural: reflete décadas de produtividade baixa, investimento insuficiente e instituições pouco eficientes. Recuperar terreno exige uma estratégia persistente de qualificação, inovação, abertura económica e estabilidade regulatória.

Em suma, não precisamos de feitos heróicos para alcançar Espanha, França, Reino Unido ou Japão — apenas de crescer de forma estável e mais rápido do que temos crescido. Mas para atingir as economias do topo mundial, seria necessária uma aceleração sem precedentes. A mensagem é simples: Portugal só sobe se acelerar. E discutir prosperidade sem tratar dos seus fundamentos é como subir a montanha sem o equipamento certo — pode começar bem, mas não chega ao topo.

André Pinção Lucas e Juliano Ventura

25 de novembro de 2025

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