“Factos vistos à Lupa” por André Pinção Lucas e Juliano Ventura – Uma parceria do Canal N com o Instituto +Liberdade
Da leitura à compreensão: o longo caminho da (i)literacia em Portugal
Quase metade dos adultos portugueses (46%) tem muita dificuldade em interpretar e compreender textos. Conseguem apenas entender mensagens muito curtas, simples e com informação mínima. Apenas 54% atingem o nível básico de proficiência necessário para interpretar textos com alguma complexidade — um valor que coloca Portugal entre os piores da OCDE, apenas à frente do Chile.
A média dos países da OCDE é substancialmente mais elevada: 73% dos adultos alcançam pelo menos o nível básico, e apenas 27% revelam dificuldades severas. No topo da tabela, países como o Japão, a Suécia e a Finlândia ultrapassam os 88% de adultos com níveis de literacia adequados, o que demonstra uma maior capacidade para lidar com informação escrita, analisar dados e interpretar contextos.
Esta diferença não é apenas um dado estatístico — traduz-se em impactos profundos na vida quotidiana e no desenvolvimento económico. A literacia está diretamente ligada à produtividade, à empregabilidade e à participação cívica. Adultos com fracas competências de leitura e interpretação enfrentam maiores obstáculos no acesso a oportunidades profissionais, à formação contínua e até ao exercício pleno da cidadania.

Apesar dos progressos registados nas últimas décadas, Portugal continua a evidenciar fragilidades estruturais na literacia dos adultos. A aposta na educação de base, na requalificação ao longo da vida e na promoção da leitura desde cedo é essencial para reduzir este défice. Melhorar a literacia é mais do que uma questão educativa — é uma condição para o crescimento económico, a coesão social e a liberdade individual.
André Pinção Lucas e Juliano Ventura
27 de outubro de 2025


















