Os “Factos vistos à Lupa” por André Pinção Lucas e Juliano Ventura – Uma parceria com o Instituto +Liberdade
Em pleno período de eleições autárquicas, foi lançado o novo Ranking de Competitividade Municipal, que cobre 186 municípios com mais de 10 mil habitantes (94% da população). Produzido pelo Instituto +Liberdade, agrega 11 categorias — dos rendimentos à fiscalidade, passando por saúde, educação e serviços — e oferece uma base comparável para separar perceções de evidência.
Três ideias centrais emergem dos dados. Primeiro, a liderança clara das áreas metropolitanas: Lisboa, Oeiras e Porto formam o pódio, seguidos por núcleos com massa económica, académica e institucional (Coimbra, Aveiro, Cascais, Maia, Alcochete, Funchal e São João da Madeira). Não é acaso; é efeito combinado de capital humano, tecido produtivo e densidade de serviços. Ainda assim, há bons exemplos fora dos grandes centros que provam que políticas focadas nas categorias nucleares movem a agulha.
Segundo, os trade-offs urbanos. Quem lidera tende a tropeçar na habitação: preços elevados e parque envelhecido penalizam os centros, enquanto muitos territórios do interior pontuam melhor neste domínio, apesar de fragilidades noutros eixos. Competitividade, portanto, não é sinónimo de conforto residencial.

Terceiro, o contexto regional conta. A “Competitividade Envolvente” — a 11.ª categoria — mede o efeito de vizinhança num raio de 50 km: estar perto de territórios dinâmicos ajuda. É um lembrete de que a geografia económica não se contorna apenas com regulamentos municipais.
Mais do que um quadro de posições, que aqui partilhamos, o índice é um diagnóstico acionável: ajuda autarquias a definir prioridades e permite a famílias e empresas ler o território num quadro objetivo. A utilidade prática está na capacidade de identificar onde cada município perde pontos — e porquê.
E o que fazer com isto? Nos municípios do interior, a prioridade é tripla: qualificação (subir capital humano), dinamização do ecossistema empresarial e melhor conectividade (serviços essenciais e acessos), sob pena de perpetuar a sangria demográfica. Nas áreas metropolitanas, o desafio é travar a pressão habitacional sem sufocar o dinamismo produtivo. Em todos os casos, a regra é simples: atacar primeiro o elo mais fraco. A competitividade é um composto; melhora-se através do foco, mede-se com transparência e consolida-se com execução.
Os resultados completos e relatório estão disponíveis no site do Instituto +Liberdade (www.maisliberdade.pt).
André Pinção Lucas e Juliano Ventura
6 de outubro de 2025