A seca no Norte do país é “bastante preocupante”, mas “ainda não é catastrófica”, tendo as albufeiras um armazenamento médio de 64%, disse à Lusa a diretora regional de Agricultura e Pescas (DRAP) do Norte.

“Ainda não estamos com uma situação catastrófica, mas, de qualquer forma, é bastante preocupante”, confessa à Lusa Carla Alves, responsável pela DRAP Norte.

Esta direção está a “monitorizar aquilo que está a acontecer”, controlando o armazenamento útil das várias albufeiras, que está, em média, “na ordem dos 64%”, embora haja alguns casos “um pouco mais preocupantes, como o de Armamar, que é a região da maçã por excelência, em que a água é fundamental” e que tem “um armazenamento um pouco baixo, de 57%”, ou o de Chaves.

O armazenamento útil estava, em período homólogo, nos 80% em 2021, 78% em 2019, e em 42% em 2018, adianta, destacando que o nível deste ano “é de facto baixo, mas ainda não é ao nível de 2018”.

Carla Alves esclarece que, nas albufeiras que “têm apenas e só vertente do uso único para a agricultura, [o nível de armazenamento útil] não irá decair muito”.

“Quando há uso múltiplo, por exemplo, para consumo público, aí é que as coisas se podem complicar um bocadinho mais, como acontece em Armamar”, explica.

Há ainda o caso do “planalto mirandês, que não tem nenhuma albufeira, em que o solo retém menos água”.

“Bragança tem a albufeira de Gostei, que está com cerca de 40% de armazenamento útil”, um nível “baixo para esta altura, mas de facto a barragem não serve muitos agricultores”, ressalva.

Também a monitorização do estado das culturas irá ser intensificada, avança a diretora regional, que pretende “reiniciar os trabalhos de levantamento de necessidades de captação e transporte de água e aquisição de equipamentos para abeberamento de gado”.

A DRAP Norte prepara-se para a possibilidade de, “a curto prazo, abrir candidaturas para aquisição deste tipo de equipamentos” e está a avaliar a “possibilidade de instalar pontos de água ou cisternas em algumas albufeiras, para a contingencia da seca”.

Estão também a decorrer vários investimentos para criação de albufeiras e aproveitamentos hidroagrícolas, destaca, bem como a abertura de avisos para a instalação de painéis fotovoltaicos nos aproveitamentos hidroagrícolas, no valor de 2,5 milhões de euros, “para agricultores que usam furos, poços ou charcas poderem utilizar painéis para a sua poupança energética”.

“O setor da agricultura é dos que mais utiliza [água], e tem de utilizar, a produção de alimentos assim o obriga e, portanto, continuaremos a ser o setor que mais água utiliza. Agora, a eficiência do uso dessa água é que obviamente tem de mudar o paradigma – e está a mudar”, considera.

Carla Alves aponta para a Agenda de Inovação para a Agricultura 2020-2030 e refere que foram criados “alguns polos de rede de inovação no Norte”.

“Estamos a captar alguns projetos de inovação que vêm ao encontro do que estamos a falar, para tentar perceber através de sensores nas folhas das plantas, que indicam o consumo e, com base nisso, vamos poder, de futuro, indicar ao agricultor qual deve ser a altura de rega, qual a quantidade de água que a planta deve consumir”, concretiza.

A diretora regional defende que “a agricultura é que vai ter de se adaptar a essas transformações, porque elas vieram para ficar, e a agricultura terá de se adaptar às novas exigências das alterações climáticas”.

Por: Lusa

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