Foi apresentado na semana passada o Plano Ferroviário Nacional que projeta a construção da Linha de Alta Velocidade para ligar Lisboa e Porto em uma hora e 15 minutos. Bragança, contudo, não faz parte dos planos até, pelo menos, 2030.

Nos anos 90, os Xutos cantavam sobre as nove horas de distância que separavam Bragança e Lisboa. Desde então, a viagem de carro encurtou – para cerca de cinco horas -, mas no que aos outros transportes concerne, a realidade não se alterou muito.

No âmbito do Plano Ferroviário Nacional (PFN), Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, colocou em cima da mesa a construção de uma linha moderna e rápida capaz de ligar Porto a Vila Real e Bragança. Porém, refere que tal só será possível “muito para lá de 2030” e “conforme houver orçamento”.

O objetivo do Plano, segundo o ministro, é reforçar as linhas ferroviárias de forma a pôr fim às pontes aéreas em território nacional, indo ao encontro das metas ‘verdes’ comunitárias. São elas as ligações Lisboa-Porto, Lisboa-Bragança e Faro-Bragança. “[Quero que] as viagens de avião com menos de 600 quilómetros desapareçam da Europa”, sustenta Pedro Nuno Santos.

No entanto, sem avião e ligação ferroviária, o distrito de Bragança fica cada vez mais isolado da capital, contando apenas com o autocarro – menos ecológico – que chega às sete horas de viagem.

Perante isto, a cidade transmontana está, curiosamente, cada vez mais longe de Lisboa e mais próxima da capital espanhola. Assim acontece, pois está previsto para o segundo semestre de 2021 a estreia do Comboio de Alta Velocidade Espanhol na estação de Otero de Sanabria, a 48 quilómetros de Bragança. A partir da pequena aldeia fronteiriça, Madrid fica apenas a menos de duas horas.

Sem comboio de Bragança a Lisboa na próxima década, o povo transmontano conta com o carro para se deslocar, de forma mais conveniente, até à capital.

Jornalista: Catarina Moscoso
Fotografia: Catarina Moscoso

Atualizado às 19h20, em 28/04/2020

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