Em Bragança, começa, esta manhã, o julgamento daquele que ficou conhecido como o caso Giovani.

Sete arguidos estão acusados de homicídio qualificado pelo Ministério Público que considera terem sido os autores das agressões que, em dezembro de 2019, levaram à morte de Luís Giovani, um estudante cabo-verdiano, de 21 anos, que frequentava o Instituto Politécnico de Bragança.

O caso motivou reações institucionais e muita ações de protesto em Portugal e Cabo Verde, apelando à justiça e à não violência, bem como dezenas de marchas de homenagem ao jovem cabo-verdiano.

Mais de um ano depois, Wanderlei Antunes confessa que o caso ainda está muito presente na comunidade de estudantes africanos do IPB e só querem que se faça justiça, condenando quem foram os responsáveis pela morte de Giovani. “Este sentimento ainda está vivo, muito presente em toda a comunidade africana. Estamos ansiosos para que a situação chegue a bom porto e esperemos que corra tudo bem, que se faça justiça e que os culpados paguem pelo erro”.

Apesar de o caso, na altura, ter sido conotado com questões raciais as autoridades descartaram esse cenário.

O presidente da Associação de Estudantes Africamos do IPB alinha pelo mesmo diapasão e não tem dúvidas que se tratou “de um ato isolado”, até porque Wanderlei Antunes garante que os cerca de 2500 alunos do IPB, espalhados por Bragança e Mirandela, têm sido bem acolhidos. “Todos nos têm recebido muito bem, apesar de poder haver um ou outro caso esporádico, mas isso não faz com que nos sintamos discriminados ou excluídos. Eu próprio já cá estou há dez anos e fui sempre muito bem tratado”, conta.

Wanderlei deixa a garantia que o início do julgamento não irá despoletar qualquer tipo de reação mais agressiva por parte da comunidade africana do IPB. “Creio que isto não vai despertar nenhum sentimento de revolta ou de distúrbio para com a situação. Apenas queremos que isto se resolva o mais rápido possível e que a justiça seja feita”, conclui.

Luís Geovani tinha 21 anos, era aluno do curso de Design de Jogos Digitais na Escola Superior de Comunicação, Administração e Turismo de Mirandela, uma escola desconcentrada do Instituto Politécnico de Bragança.

Segundo a acusação, na madrugada de 21 de dezembro de 2019, terá sido espancado com extrema violência, à saída de um bar em Bragança, por 7 indivíduos, com idades entre os 24 e os 36 anos.

Dez dias depois morreu no hospital de Santo António, no Porto.

O Ministério Público deduziu acusação contra cada um dos sete arguidos pela prática de um crime de homicídio qualificado na forma consumada e três crimes de ofensa à integridade física, já que a acusação entende que também agrediram três amigos de Giovani.

Três dos arguidos encontram-se em prisão preventiva e quatro em casa com pulseira eletrónica.

O caso Giovani começa, esta manhã, a ser julgado em Bragança.

Pelo facto de se tratar de um caso que integra um número elevado de intervenientes, entre os quais estão os 7 arguidos e mais de 30 testemunhas – o julgamento será realizado no pavilhão do Nerba – Associação Empresarial do distrito de Bragança – para garantir o cumprimento das regras do distanciamento social em tempo de pandemia.

Jornalista: Fernando Pires

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