O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas celebra-se hoje, 10 de junho com um significado especial. Além de ser o momento por excelência para homenagear a História, a língua e a identidade nacional, a data ganha este ano um peso simbólico acrescido, pois marca o último 10 de Junho com Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República.
Por entre o som solene do hino, os discursos de Estado e a exaltação de Camões, há algo de profundamente íntimo neste 10 de Junho. Celebramos Portugal, sim. Mas não o país apenas desenhado no mapa, celebramos o Portugal que vive em cada pessoa que, onde quer que esteja, leva consigo a língua, os costumes e o coração lusitano.
É o dia em que a nação se dobra sobre si mesma para se ver ao espelho: nas suas conquistas e contradições, na sua história e no seu povo. Um povo que está cá, mas também longe e que, estando longe, nunca está ausente. As comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo são talvez o mais extraordinário retrato do que significa ser português. São milhares, milhões de homens e mulheres que partiram em busca de oportunidades, mas que nunca deixaram para trás o cheiro da terra molhada, o sabor do pão quente, as palavras com que se diz “tenho saudades”. São esses portugueses, discretos e resilientes, que mantêm acesa a chama de Portugal nas Américas, na Europa, em África, na Ásia. São eles os embaixadores da nossa identidade, muitas vezes sem cargos, mas com uma missão profunda.
Num gesto de profunda valorização das comunidades emigrantes, o Dia de Portugal continua a ser vivido intensamente além-fronteiras, onde bandeiras se desfraldam, hinos se entoam e o orgulho em ser português permanece inabalável. É com estes portugueses, muitas vezes heróis silenciosos do trabalho e da saudade, que o país se faz global.
Este 10 de Junho é também marcado por um fim que merece nota: é o último do mandato do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa. Um Presidente que entendeu que Portugal vive tanto na rua da escola primária de uma aldeia transmontana como no coração de um emigrante em Paris ou em Newark. A sua presença constante lembrou que o Estado pode ser próximo, que a Presidência pode ser humana, e que o símbolo da República deve estar com todos, sobretudo com os que, por vezes, se sentem esquecidos, sem politizar ou fazer colagens ao partido A ou B, pois essa analise é pessoal e cada português vai ter que fazer a sua escolha.
Neste dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, talvez a maior homenagem que podemos fazer à pátria seja essa: lembrar que Portugal não é só território. É memória, é afeto, é língua viva e é gente. Gente que está cá e que está longe, mas que nunca deixa de ser nossa.
Porque ser português é isso mesmo: estar onde for preciso, com o coração sempre voltado para casa.
Com gratidão e orgulho,
Paulo Silva Reis,
Com a equipa do Canal N